Descrição
A coletânea pipocas pedagógicas é produto de uma atividade social, de um trabalho pedagógico-educativo, associado a um desejo de ofertar como o que foi vivido com estudantes, com seus outros, pode ser compartilhado por meio de uma singular e breve narrativa, contando que “cada pessoa ocupa um lugar singular e irrepetível, cada existir é único”. As obras foram produzidos no contexto do Nozsoutres – Círculo Narrativo de Estudos em Educação, grupo de pesquisadores e pesquisadoras vinculado ao GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada, entre os anos de 2021 e 2022.
Em “Pipocas Pedagógicas V: narrativas outras na escola”, as narradoras e narradores mostram o quão potente é escutar bebês, crianças, jovens e adultos, no contexto da escola e de ações educativas e narrar o vivido com vistas a apresentar esses inesperados ao mundo que as/os rodeia. Ao produzirem as “pipocas pedagógicas”, cada uma das pessoas, na condição de narradora ou narrador, cria um mundo singular que dialoga com o singular mundo em que cada um e cada uma, da comunidade de narradores, vive. E esse compartilhar seu mundo, a partir das escolhas de palavras e sentidos que fazem, constroi um jeito de ver o mundo, de modo próprio, participante, amoroso e não indiferente, que toca a todas que com a narrativa tem contato. Um tocar próximo à uma experiência, como tão bem já nos apresentou Larrosa.
Ao narrar esses acontecimentos situados e contextualizados, não só no tempo e espaço, mas nos valores envolvidos no vivido, enquanto leitores e leitoras, podemos ver e dar valor a cada vida humana em sua vivência irrepetível, ensinando-nos que é possível, mesmo nas circunstâncias instituídas, fazer valer a força das relações humanas solidárias e respeitosas.
Em “Conversando com Pipocas Pedagógicas: alguns ensaios”, cada um dos participantes do grupo, com diferentes histórias de diálogo com esse peculiar gênero discursivo inscrito em contextos narrativos, refletiu a partir de singulares pipocas pedagógicas e produziu ensaios instigantes a respeito das diferentes compreensões sobre essas narrativas outras. Optamos por produzir ensaios, na perspectiva também narrativa, visto que a liberdade deste gênero discursivo no contexto universitário pode favorecer novas e livres interpretações e outros diálogos teórico-metodológicos ou mesmo com a literatura ficcional nacional e internacional.
O acontecimento, no momento do vivido, é aberto, irrepetível e produz diferentes sentidos para cada participante que vai alterando a maneira como vê o evento conforme seus valores, seus conhecimentos e formas de expressá-los. Já na pipoca pedagógica e na narrativa pedagógica cada participante (do acontecimento) agora é personagem do/a autor/a em um plano estético (o texto), cujos valores e conhecimentos dos outros e os próprios são orientados de acordo com suas escolhas. Assim, o contexto enunciativo e a posição das personagens se devem ao autor, o que oferece – tanto a ele próprio quanto a outros leitores, quanto às pesquisas – uma potência inestimável, em primeiro lugar, para a tomada de consciência de si com os outros, e, depois, essa potência é ampliada quando ao autor traz o centro de valores do outro, da personagem e mais ainda a cada leitura.
Desejamos que a leitura desse conjunto de pipocas e narrativas agucem nosso olhar e nossa escuta para os inesperados que acontecem todos os dias nas escolas e instituições educativas e, esses, por sua vez, provoquem a escrita de pipocas e narrativas outras, para que as relações que nos deslocam do nosso centro de valor, que nos fazem questionar a nós mesmas/os e ao oficial, possam descolar outros centros de valores e, assim, provocar a construção de relações cada vez mais não-indiferentes, cada vez mais amorosas.
