O corpo como tema e objeto de pesquisa nos estudos sobre linguagem nunca foi um consenso. Apesar de sempre estar lá, como visualidade, como sujeito, como elemento significante e em seu efeito geralmente determinante na produção de sentidos, ele tende a ser preterido e esquecido quando da consideração sobre as condições de produção e dos processos de significação, mesmo quando a língua é a de sinais. Nesta coletânea, contudo, o corpo é o tema de estudos e reflexões linguísticas aplicadas. Sobre ele se observa, por exemplo, como é olhado, nomeado, submetido a relações de poder/saber, como é oprimido e apagado e como resiste. Problematizações de gênero, raça e sexualidade, categorias fundamentais na sociedade ocidental de tradição eurocentrada e hegemônica como a nossa, são abordadas predominantemente a partir de lentes discursivas e decoloniais e em análises de materialidades diversas, tais como poemas, objetos tecnológicos, campanhas publicitárias, dentre outras. Por esses estudos, vamos compreendendo mais profundamente as complexas relações entre linguagem e sociedade e os nossos desafios como pesquisadoras(es) da área, educadoras(es) linguísticas(os) e intérpretes implicadas(os) e engajadas(os) com as questões sociais, políticas e epistêmicas urgentes.
