Palavras e contrapalavras: cortejando a vida na estética do cotidiano [Caderno de estudos VII]

Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso – GEGe/UFSCar

R$32.00

APRESENTAÇÃO

Os textos que compõem a coletânea do Palavras e Contrapalavras, feitos a várias mãos e vozes, carregam sabores, cores, aromas, musicalidades, ritmos, valorações. Enfim, dialogam, refletem e refratam o cortejo entre estética e ética no fazer cotidiano permeado de enunciados concretos que vivificam essa relação.

Assim, a fim de evidenciar o diálogo entre estética e ética, trazemos obras do Círculo de Bakhtin, tais como Estética da Criação Verbal, Questões de Literatura e de Estética:a teoria doromance, Para uma filosofia do ato responsável, Marxismo e Filosofia da Linguagem e outras, estudadas e discutidas debaixo da árvore que nos acolhe nas manhãs de sexta-feira. Diálogo que se dá na relação com a vida, por isso que várias formas como essa relação acontece são postas em destaque nassituações e acontecimentos do cotidiano encontrados na roupa que vestimos, na música que ouvimos e em tantos outros gestos que nos constituem.

Nesse sentido, está o cortejo entre estética e ética, compreendido como o ato pelo qual a forma e o material dos objetos estéticos saúdam o conteúdo, o herói, o autor, o artista, o que se apresenta quase que invisível no seio social. Não há corte maior senão o centro motivador principal da arte: o Outro, colocado aqui com o Ó maiúsculo, pois o humano sempre circula, como o círculo GEGe, grupo que cunha em seus projetos de discurso palavras alheias do Círculo sob o qual se encontrava também Bakhtin. A expressão artística é o mais sensível termômetro do que o outro pretende falar, gritar, vestir, captar, catalizar, esteja na tatuagem que figura no corpo próprio ou alheio, no cabelo (in)comum daquele que não sou eu, no style(in)diferente do fulano, nos gestos do campo sutil da vida privada, nos enunciados pequenos e saudososde como um evento deslocado do momento em que se fala, qual seja pelas memórias da infância, ou nos enunciados jornalísticos. Mede-se, com tal expressão artística sob a fluidez do mercúrio (nocivo ou benévolo) desse termômetro, o quanto desconheço do outro, pela excelência do princípio da exotopia enviesada– cronotopicamente, justamente por conter e reter – relativamente – diversos olhares, vozes, experiências; sendo, por isso, o medidor da febre de nosso bem ou malestar, dado que quando vemos uma obra é o nosso emotivo e volitivo que subitamente é atingido, com isso, nossa memória de futuro é atingida.

Os textos que aqui estão vão cotejar em cortejo por vários campos seja o do trabalho, da poesia, dos jornais, do privado e do público, do afetivo e do objetivo (pragmático), do infantil, da sexualidade, da questão de gênero e de tantas outras passagens, pois passamos pelos caminhos desses campos a todo instante, estranhando o que vem do outro para desse modo enxergarmos a nós mesmos, dessa maneira, nos entranhando naquilo que vem de outrem. Cortejar é o ato de cotejar amorosamente. Sujeito diante de sujeito.

Este trabalho, em suma, pretende alargar o debate acerca do que se compreende por estética no e do cotidiano, observando o dia a dia na sutileza dos pequenos gestos que nos fortificam e na rudeza das ideologias que reiteram as categorizações que suprimem o diferente. Em meio a tempos de crise política e econômica, nosso olhar necessita ser, no mínimo, tridimensional (OUTRO-TU-EU), pois as fronteiras que delimitam o visível ficam espessas e aos poucos vão ganhando novas formas, seja pelos jornais com suas notícias, pelos novos cortes de cabelos, pelo direcionamento de viés quanto à noção e vivência de gênero e sexualidade, tudo isso como uma tatuagem que imprime um novo corpo (axiológico) sob a forma e o material humano, pleno de singularidade.

Flávio Henrique Moraes

Tatiana Aparecida Moreira

Felipe Mussarelli

Valdemir Miotello

ISBN

978-85-7993-299-1

Número de páginas

221

Organização

Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso – GEGe/UFSCar

Formato

Ano de lançamento

2015