Formação continuada em foco: a inclusão escolar e a construção de conhecimentos coletivos

Andressa Mafezoni Caetano, Joziane Jaske Buss

PREFÁCIO

Mariangela Lima de Almeida

Se queremos que a formação de professores tenha um impacto significativo sobre seu pensamento e a sua prática, ela tem de estar intimamente ligada ao aperfeiçoamento da escola […]. Isto implica mudanças no local de trabalho e na forma como se organiza a formação do pessoal nas escolas (AINSCOW, 1997, p. 26)

É com alegria que recebo o convite de Joziane Jaske Buss e Andressa Mafezoni Caetano para prefaciar este livro, em que defendem a formação dos profissionais da educação pela via coletiva como pressuposto para a garantia do direito de aprender de todos os alunos da escola. A obra ancora-se em uma pesquisa de mestrado, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação (Modalidade Profissional), da Universidade Federal do Espírito Santo.

de observar a seriedade e o compromisso em prol da inclusão escolar de forma justa, ampla e emancipatória. Neste processo fui percebendo o empenho das pesquisadoras em construírem pesquisas verdadeiramente colaborativas aproximando os espaços da educação básica pública com a Universidade.

O livro insere-se no conjunto de produções do Grupo de Estudos e Pesquisas Inclusão Escolar, e Processos de Ensino-aprendizagem (GEPIPEA) o qual tem se dedicado a uma práxis investigativa, crítica e contínua, o que tem permitido uma importante contribuição para a produção de conhecimentos sobre a formação de profissionais da educação, voltada às práticas pedagógicas em Educação Especial na perspectiva da inclusão escolar.

A obra retrata a convicção da urgência de constituirmos processos formativos numa perspectiva colaborativa e coletiva como caminho para construção de uma educação inclusiva, emancipatória, pesquisando com os sujeitos da prática e não sobre esses sujeitos. As autoras reiteram o compromisso que essa formação tem para a garantida do direito de aprender, seja dos alunos, seja dos professores e/ou gestores e/ou técnicos que habitam o cotidiano dinâmico e heterogêneo da escola.

Sustenta-se na perspectiva histórico-cultural de Vigotski e na perspectiva teórica de Nóvoa para análise da formação de professores. Por meio da etnografia produz conhecimentos numa perspectiva crítica e compromissada com as políticas e práticas de inclusão escolar. Considero a presente publicação uma preciosa contribuição a todos que acreditam que pesquisa e formação devem caminhar como processos dialógicos e coletivos.

Sustenta-se em princípios teóricos, epistemológicos e metodológicos que são reafirmados ao longo da obra:

  • É preciso considerar que a formação continuada na perspectiva de inclusão escolar, considere o nível micro, que considerem a diferença e a diversidade de estudantes na escola. Que considere que a aprendizagem e o desenvolvimento são pilares da função social da escola na perspectiva da formação cidadã de todos os alunos, importa continuar a formação de professores, profissionais e colaboradores que fazem parte do processo educativo.
  • Urge a necessidade de conceber a formação continuada a partir da comunicação interativa e da vivência coletiva no âmbito escolar, colocando em cena, além dos professores regentes de sala comum, professores de áreas específicas, professores especializados em Educação Especial e profissionais da Educação dos setores pedagógico e administrativo.
  • É na criação de um coletivo de profissionais que é possível pensar a formação continuada enquanto ferramenta de construção e reconstrução das práticas pedagógicas que fortaleçam vínculos de saberes científicos-pedagógicos entre professores, profissionais da Educação e colaboradores.
  • Advoga pela constituição de espaços formativos coletivos que oportunizem a todos os integrantes da escola compartilhar seus saberes e a partir deles construir outros novos conhecimentos que serão revertidos na efetivação da inclusão escolar. Nesse contexto, a epígrafe que citei acima torna-se atual e necessária, ao passo que Mel Ainscow, no livro Educação para todos: torná-la uma realidade, datado de 1997, nos convida a construção de processos formativos que realmente reverberem-se nas práticas escolares. Para isso é preciso que a escola organize seu trabalho pedagógico e nele inclua, como ponto essencial, um espaço sistematizado para que os professores e outros profissionais encontrem-se para analisar e recriar sua prática.

Os profissionais da educação que quiserem aprofundamentos sobre a formação continuada numa perspectiva do trabalho coletivo poderão encontrar neste livro profícuas referências e sinais de que há caminhos possíveis e dignos para a educação brasileira.

Serra/ES, 30 de junho de 2021

Referências AINSCOW, Mel. Educação para todos: torná-la realidade. In: AINSCOW, Mel; PORTER, Gordon; WANG, Margaret (Eds.).Caminhos para as escolas inclusivas. Caminhos para as escolas inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1997, p.11-29

Ano de lançamento

2021

Autoria

Andressa Mafezoni Caetano, Joziane Jaske Buss

ISBN [e-book]

978-65-5869-376-5

Número de páginas

100

Formato