Violências, histórias e memórias: narrativas de professores, gestores e alunos

Liliane Pereira de Souza

APRESENTAÇÃO

A presente obra tem como objetivo apresentar as narrativas de professores, gestores e alunos de uma escola localizada na cidade de Campo Grande, capital do estado do Mato Grosso do Sul. A escola foi escolhida por estar na região com o maior índice de criminalidade da capital, de acordo com o Mapa da Violência produzido pelo Ministério Público Estadual, cruzando dados do MP com os de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constata-se que a proporção de assassinatos na região é quase três vezes superior a outras, também populosas.

A comunidade de destino é formada por dois gestores, o diretor da escola e a coordenadora; por cinco professores, sendo eles os professores de Química, Matemática/Física, as professoras de Biologia, História e Literatura; e pelos nove jovens colaboradores desta pesquisa.

A primeira rede teve como sugestão de ser composta pela coordenadora, pelo professor de Matemática/Física, pela professora de Biologia e pela professora de Literatura. Durante a entrevista com a professora de Biologia, foi formada uma nova rede, pois a professora de História, que estava visivelmente emocionada, pediu para participar e, posteriormente, o professor de Química também quis colaborar.

A diferenciação entre gestores e professores foi a referência para a organização e constituição das redes. A rede I foi composta pelos gestores e a rede II, pelos professores e professoras. Esses colaboradores têm em comum a vivência diária das violências na escola, e essas experiências fizeram com que, naturalmente, em contraposição ao silêncio, contassem as histórias e memórias que marcaram de alguma forma o seu dia a dia.

A rede III foi composta pelos jovens colaboradores, e todos os nomes são fictícios, havendo sido escolhidos por cada um. Trata-se do nome que gostariam de ter tido, inclusive com a grafia. Assim, temos a Nycoly, a Kananda, o Peter, a Barbara, a Scarlett, o Harry, o Scot, a Annabeth e a Isabelly. Além de frequentarem a mesma escola, de morarem no bairro ou na mesma região, todos esses jovens colaboradores têm as marcas da violência na sua história de vida, seja no contexto familiar, escolar ou no bairro. As cicatrizes emocionais dessas violências estão nas narrativas contadas.

Em cada rede, os colaboradores relatam suas lembranças. Assim, a história oral de vida pôde fluir e está presente nas falas. Não se trata da exaltação do “mito da não interferência” (PORTELLI, 2001), mas é importante perceber como os discursos se entrelaçam.

As narrativas transcriadas foram o principal núcleo documental e, após a transposição de oral para o escrito, captou-se o tom vital de cada relato, que em história oral, é uma frase ou palavra que sintetiza a narrativa. Em contraponto ao uso fragmentado, optou-se pelo texto transcriado literal, com uma linguagem clara e objetiva para uma melhor interpretação, “sem apagar as marcas da oralidade e as características identificadoras das falas dos colaboradores” (BARBOSA, 2006, p. 44). As narrativas de cada história oral transcriada foi conferida e legitimada por cada colaborador.

Por questões de segurança foi omitido local e datas da coleta de dados.

Boa leitura!

 

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Fabíola Holanda. Experiência e memória: a palavra contada e a palavra cantada de um nordestino na Amazônia. São Paulo: USP, 2006 (tese de doutorado).

PORTELLI, Alessandro. História oral como gênero. Revista Projeto História: 09-36, nº 22, São Paulo, 2001.

Ano de lançamento

2018

Autoria

Liliane Pereira de Souza

ISBN [e-book]

978-85-7993-602-9

Número de páginas

53

Formato