Mulheres e violência, alguns apontamentos

Organização: Elisabeth Maria de Mendonça Silva, Isael José Santana

A Fundação de Apoio a Pesquisa de Mato Grosso do Sul tem contribuído de forma dinâmica na construção de meios de enfrentamentos da violência doméstica e familiar, bem como em toda pesquisa de caráter técnico e social. A busca por meio de financiamento de pesquisadores e pesquisadoras que se dispõem a profunda reflexão do tema, e considerando que milhares de mulheres tem a vida interrompida, mesmo com os importantes avanços na legislação pátria, tem demonstrado sua insuficiência frente aos números apontados nas pesquisa. A violência em todas as suas formas atinge o entorno da vítima, a priori se pode pensar nos órfãos do feminicídio, mas estes reflexos são mais amplos, atingindo todo o círculo familiar e de afetos. A pesquisa tem por escopo transformar a realidade, apresentar caminhos a serem trilhados, avançar na educação como instrumento de conscientização, afastar os silêncios eloquentes que se encontra em todos os espaços, sejam eles públicos ou provados. A Universidade tem papel fundamental em refletir sobre as formas e as ações no ensino, pesquisa e extensão, balizando uma sociedade que vem pautando-se em relações que determinaram a perda do espaço público como arena da construção da cidadania, sem a qual não há civilização.

A violência contra mulher tem por fundamento, ainda que se apresente como uma afronta, a naturalização do mal, nas concepções de Hannah Arendt. Quando as relações interpessoais se tornam violentas, e este é um processo que está na origem da sociedade; sendo ela cristã, temos Eva como responsável pela desgraça humana; e como Pandora ao abrir a caixa dos males, assim a mulher perdeu o espaço da liberdade e da igualdade, transformada em ser subjugada, educada para o espaço reservado, enquanto o masculino foi diversamente educado para o espaço público, e tal processo cultural é uma violação dos direitos humanos. As violações sempre estão na base de algum privilégio, e na dificuldade de um gênero admitir que a desigualdade é uma convenção que destoa dos conceitos mais comezinhos de humanidade. Assim o pensar próprio daqueles que desejam mudanças, ainda que o Anuário de segurança pública, a cada ano, apresenta os horrores deste tipo de violência, e mostra que somos produto do meio e, assim, a função é se dispor a tal alteração, não havendo entraves na luta pelos direitos de meninas e mulheres, objetificadas, desnaturalizadas enquanto pessoas, para serem tão somente espaço de/do prazer masculino. Desta forma impõe-se o refletir da Universidade como esta ponta da lança de mudanças.

 

Ano de lançamento

2025

Formato

ISBN

978-65-265-2291-2

ISBN [e-book]

978-65-265-2292-9

Número de páginas

205