Adjunto às Lagoas de Meu Piauí

O desenvolvimento que se quer brasileiro, sabe-se inalcançável por gritos autoritários, à margem do fluxo dos anseios populares. Concebe-se consegui-lo, somente pelo conjugar do vervo esperançar, em seguir sem pestanejar a estrela da harmonia que se deseja guiar também os mineradores paulistas aos inselbergs de ferro magnético, junto aos queia sse fez humano o sonho nativo da vida em qualidade plena. No território das Lagoas, à saia das serras Dois Irmãos e da Capivara, pretendem os aventureiros desbravadores, em dia presente e regime de partilha, desfrutar o sabor do mesmo peixe felchado (Piau-ui) que, por milênio, alimenta a população nativa local.
Em solo pindorâmico de território nordestino, estima-se miscegenarem-se as utopias messiânicas dos filhos do Seminário, com os sonhos bandeirantes, a migrarem de confins natais sudestinos, em busca de explorarem-se as jazidas de riquezas minerais. Nesse chão da diversidade, envolta em singelos rituais autóctones, preciosos artefatos líticos, fragmentos cerâmicos, vestígios de espíritos encantados e frações do sistema de comunicação de grupos pré-históricos, eles encontram quilombolas a afagar o sonho tapuia da Terra sem Males, a mesma utopia do Reino que o Nazareno Sonhador acalentava a todos os humanos.
Nunca é demais lembrar que, nesste território sagrado, o Verbo fez-se e refaz se carne, para baitar o coração dos homens e mulheres de voa vontade. Ao rochedo nativo que, ao longo dos séculos, a Coroa Portuguesa Colonialista, Casa da Torre, Dinastia Bragantina, República Presedencialista e Arquiologia do Saque vilipendiaram, augura-se o respeito, como pedra angular de frutífera relação dialógica permanente entre mineiros e mocambeiros. Viva a Terra Sem Males, adjunto às Lagoas do Meu Piaui!

Celito Kestering
Arqueólogo Coordenador