A pressão que as mulheres sofrem quanto à beleza se intensificou ao longo do tempo e se acentuou vertiginosamente com a proliferação das redes sociais e, em especial, com a inauguração dos filtros de realidade aumentada. A revolução tecnológica, somada à migração da vida para as plataformas digitais de relacionamento, deu novos contornos à tensão entre imagem e autoimagem. Se antes das mídias sociais, a insegurança quanto à aparência residia na comparação com as imagens visualizadas em outdoors, capas de revistas e na televisão, nos dias atuais, a comparação foi ampliada e intensificada, na medida em que as pessoas – principalmente as mulheres – não se confrontam somente com celebridades, mas também com seus colegas, amigos e familiares retocados e com os próprios eus modificados. Assim, experienciam um diálogo interno negativo quanto ao próprio corpo, que resulta em inseguranças que vão, progressivamente, se intensificando até culminar no desejo de alteração da própria aparência. Em sentido contrário, apregoa-se o direito de as mulheres escolherem a aparência que desejam ter e de ser o que quiserem, em vez de satisfazer os imperativos do mercado, da indústria multibilionária da propaganda, das mídias sociais e da cultura competitiva da contemporaneidade, o que requer uma nova forma de conceber a beleza, uma mudança de paradigma pela quebra de padrões e estereótipos, a partir de uma postura crítica, analítica e emancipatória, que incentivem meninas e mulheres a aprenderem novas habilidades, melhorarem a confiança e se divertirem, longe das pressões por popularidade e da comparação com outras mulheres e com a própria imagem filtrada, vivenciada nos ambientes virtuais.
