Este livro parte da premissa de que a cultura e a extensão precisam ser ainda mais valorizadas no contexto da universidade. Isso ultrapassa a noção de que a universidade deve apenas “devolver” aquilo que produz ou “prestar contas” do dinheiro público envolvido na manutenção do ensino superior. Essa é uma visão simplista. A cultura e a extensão devem permitir que a universidade “seja” também a sociedade na qual foi forjada. Que essa sociedade possa ser ver na universidade, se sinta representada por ela, se sinta empoderada para corporificá-la, habitá-la e, então, pertencer. Essa acepção de pertencimento, obviamente, não se refere a qualquer tipo de posse, mas traz o sentido da proximidade, da capacidade de produção, do vislumbramento dessa estrutura costurando também a sociedade que desejamos ser.
[…]
É importante, por fim, considerar que a curricularização da extensão na USP está em curso e que diferentes reflexões vêm sendo endereçadas à medida que os desafios se apresentam, à medida que novas possibilidades de pensar esse processo são convocadas. É oportuno situar esta obra, portanto, nesse campo que não é definitivo. A própria escrita do livro é fruto dessas discussões. Assim, não nos alinhamos a uma ideia de manual a ser rigidamente seguido, mas a de um processo a ser partilhado.
Em um campo tão polissêmico como o das relações entre a universidade e a sociedade, a presente obra não se filia a qualquer tentativa de estabilizar os sentidos sobre a extensão e sobre a curricularização. Indiciamos, pois, que este livro deve ser apreciado tendo em mente a movimentação característica dessas relações, podendo ser relido, retomado, atualizado e reescrito em função de novos ventos. Desejamos a todos os leitores e leitoras uma imersão produtiva no universo da cultura e extensão universitária, sobretudo considerando o marco da curricularização da extensão na USP. Já iniciamos a nossa caminhada.
