Complexidade e formação de professores: tessituras possíveis

Anderson Roges Teixeira Góes, Ettiène Cordeiro Guérios, Heliza Colaço Góes

TESSITURA DE SERES E SABERES

Izabel Petraglia[1]

“Abelha fazendo mel vale o tempo que não voou”[2]

Escrever o prefácio de um livro para o Grupo de Estudos e Pesquisas em Complexidade, Formação de Professores e Educação Matemática: Tessitura é mais do que uma alegria, é uma honra e, mais do que agradecer formal ou educadamente ao convite, é compartilhar sonhos, esperanças, utopias.

O livro que congrega sete capítulos de pesquisadores sobre a relação educação-complexidade parte da ideia comum e norteadora de um pensamento de religação que, ao mesmo tempo procura unir cultura científica e cultura humanística.

Em momentos de crise e perplexidade, como o da atual pandemia de COVID-19 que a humanidade enfrenta com valentia, é quando mais o pensamento complexo se faz necessário, mais faz sentido e mais se interroga, porque com ele, não somente enfrentamos adversidades e incertezas, como é dele também, que emergem possibilidades criativas e regeneradoras de ideias, práticas, emoções.

Durante meses dessa pandemia, o Grupo Tessitura produziu conhecimento e renovou ações, ecologizando os espaços, os saberes, os fazeres e os sentidos tanto docentes, quanto de formação. São pesquisadores já experientes nessa “arte” que buscaram, com maestria, a regeneração em detrimento da degeneração, tal como sinalizou o poeta, no excerto em epígrafe. E quem disse que fazer mel não dá prazer? Passear entre as flores e polinizá-las? Ainda mais, quando se trata de construir novos saberes, que nos deslocam, tais como as abelhas, aos livres voos!

Ainda, em Amor de índio, o compositor afirma que “Tudo que move é sagrado” e, nós que somos seres complexos, movidos por sabedoria e loucura, homo sapiens-demens, fazemos prosa e poesia nas tessituras do real que se constitui também de encantamento, de imaginário. A complexidade está no movimento da vida, na ciência, na pesquisa, na formação docente, na filosofia, nas artes, nos afetos, na amizade, na sacralidade dos encontros.

Como afirma Morin, ao longo de sua vida e obra, mais do que religar saberes, a complexidade quer religar seres e, muitos são os casos de sucesso dessa empreitada. Aqui, nesse livro do grupo, se faz um exemplo importante de religação de pessoas que, unidas pelos fios do complexus – do latim: o que é tecido junto – estudam, pesquisam, fazem ciência, celebram a vida.

E, eu, compartilho dessa fraternidade, sentindo-me parte do grupo, desde a sua gestação, porque como cantava Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto, é realidade” [3]. E, nós queremos a realidade de um mundo melhor!

Recomendo fortemente a leitura!

São Paulo, inverno de 2021

Notas de rodapé

[1] Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP – São Bernardo do Campo – SP – Brasil. [email protected] https://orcid.org/0000-0002-9003-8998

[2] Amor de índio, canção de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, interpretada por Beto Guedes no álbum “Amor de Índio”, de 1978.

[3] Prelúdio, música de Raul Seixas no álbum Gîtâ, de 1974

Ano de lançamento

2021

ISBN [e-book]

978-65-5869-496-0

Número de páginas

126

Organização

Anderson Roges Teixeira Góes, Ettiène Cordeiro Guérios, Heliza Colaço Góes

Formato