De ritornelos, contrapontos e fluxos

Beatriz Helena Dal Molin, Higor Miranda Cavalcante

APRESENTAÇÃO

É o ritmo que marca o território, são os meios de expressão, é a qualidade harmoniosa dos fluxos. Não é uma questão de medidas, mas sim de ritmos; impor ritmos, dar cadências, organizar velocidades. O ritornelo é um agenciamento territorial, é todo um conjunto de expressões e contrapontos que se desenham num ritmo. Mas é também o próprio movimento de passagem, por isso ritmo e não medida, é o próprio sair de seu terreno, criar trilhas. O território não se separa das linhas que o atravessam, por isso ele está sempre aberto para o caos. (Gilles Deleuze & Félix Guattari)

A alvorada do presente século indicou que este seria agraciado com o desenvolvimento de várias tecnologias, potencializando os múltiplos movimentos das diversas áreas de interação humana, para inserir no cotidiano o que hoje conhecemos como tecnologias e mídias digitais.

Entretanto, passados mais de vinte anos desde o despontamento e a indicação das várias linhas de fuga para a humanidade, conforme nos escreve Gilles Deleuze e Félix Guattari1 , parece-nos que estamos caminhando a passos largos em algumas áreas, mas a passos lentos, quase que microscópicos, em outras. Na área da educação, em que ponto será que estamos? Como estamos caminhando e, principalmente, como caminharemos doravante?

Basarab Nicolescu, em O Manifesto da Transdisciplinaridade2 , afirmou enfaticamente que “amanhã será tarde demais” (NICOLESCU, 1999, p. 15). A ânsia por “fazer o novo com o antigo” (NICOLESCU, 1999, p. 15) ainda está presente no cotidiano escolar, mas é de conhecimento de todos que há pouco as interações passaram a ocorrer, forçadamente, em ambientes virtuais, ainda que en passant (será?), e nunca se discutiu tanto sobre tecnologias e mídias digitais, metodologias ativas e interações com o ciberespaço como se tem discutido hoje. Porém, será que continuaremos a desenvolver a educação e os processos de aprendência em um mundo pós-covid, integrando as tecnologias digitais ao ensino? Ou voltaremos à estaca zero, fazendo o novo com o antigo?

A presente obra, intitulada DE RITORNELOS, CONTRAPONTOS E FLUXOS, é resultado de algumas investigações realizadas por vários pesquisadores que há tempos vêm apresentando à sociedade, por meio de sua vasta produção intelectual, a necessidade de serem inseridas as tecnologias digitais em sala de aula e busca apresentar aos leitores vieses do uso e da aplicação de tais tecnologias ao ensino, seja ele presencial ou remoto, em suas várias nuances. São oito capítulos, organizados como se fossem platôs, que, até certo ponto, dialogam entre si, mas que não precisam ser lidos sequencialmente e apresentam ideias sobre as temáticas de aprendência na era digital, educação mediada, educação a distância, metodologias ativas aliadas ao ensino, objetos digitais de aprendência, autismo e tecnologias digitais e direitos autorais de materiais produzidos para a educação mediada.

Não é esperado, de forma alguma, esgotar as temáticas aqui discutidas, mas traçar linhas de fuga para que o próprio leitor construa, descontrua e reconstrua ideias e conceitos estratificados. Também não é o nosso intuito levar o leitor a concordar ou a discordar com as reflexões apresentadas nos capítulos, mas possibilitar que sejam cartografadas rotas que podem ser seguidas e oportunizar aventuras idiossincráticas.

Agradecemos, finalmente, ao Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (NEaDUNI), que foi o ambiente em que ocorreram, ainda que de forma indireta, as várias experimentações aqui relatadas, e ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Letras da Unioeste (PPGL/Unioeste), que, por meio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP/Capes), financiou a presente obra que deve ser lida e revisitada por todos aqueles que se interessarem pelas temáticas aqui abordadas.

Almejamos uma excelente leitura!

Beatriz Helena Dal Molin Higor Miranda Cavalcante (organizadores da obra)

Ano de lançamento

2022

ISBN [e-book]

978-65-5869-676-6

Número de páginas

170

Organização

Beatriz Helena Dal Molin, Higor Miranda Cavalcante