(D)eficiências e preconceito (in)visibilidades da deficiência no cinema. Vol V
Organização: Fátima Elisabeth Denari
PARTEJANDO O ESPERANÇAR
Vamos falar sobre a simbologia das coisas. Não, este livro não é sobre isso (ou é exatamente sobre isso?). Conheço o processo que o gestou: a “maiêutica em Fá”. Na maiêutica em Fá, a parteira, o parto e o nascimento, são signos. À parteira compete assistir a(o) gestante durante o pré-natal e o parto natural; e, prestar cuidados à parturiente, à puérpera (mãe/pai logo após o parto) e ao recém-nascido.
Eis que a senhora Fátima Denari (Fá), uma parteira de mão cheia, conduz o processo em questão. Fá, esta nota entre o Mi e o Sol (vermelho, como seus cabelos), durante o pré-natal, atua apresentando referências, provocando leituras, mediando diálogos, trazendo exemplos, quase que em um ritmo espontâneo. Por vezes isso inquieta as(os) gestantes.
Ora, médicos apresentam processos mais controlados e metódicos, estabelecem modelos, formatos e cronogramas rígidos. A parteira não. Sem pressupor de cesarianas, faz partos que, mesmo quando difíceis, não machucam irremediavelmente e não fazem gestantes temerem o ato de parir. Muito pelo contrário. Parturientes concluem o “parir” acreditando em seu potencial (já viu resultado mais bonito?). E é aí que está a simbologia da maiêutica, do processo conduzido pela nota entre o Mi e o Sol.
A maiêutica, ao ajudar a “dar à luz”, “dar parto”, “parir” o conhecimento daquele ou daquela que está grávida de saber, torna simbólico todo o processo de ensino e aprendizagem, porque faz puérperas e recém-nascidos representarem a esperança em novas gestações (neste tempo, como precisamos de signos de esperança de que parteiras, partos e gestantes vão continuar povoando o mundo).
Isto posto, descrevendo o simbolismo dos elementos associados com o processo, chega de metáforas (em minha primeira gestação, Fá já dizia que exagero nelas). Vamos conhecer os recémnascidos (opa, só mais essa, não resisti) em questão.
“(D) eficiências e preconceito. (in)visibilidade da deficiência no cinema”, é compostode 10 artigos desenvolvidos a partirda disciplina “Estigma e identidade da pessoa com deficiência: sexualidade, afetividade e deficiências”, do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos.
São artigos de leitura saborosa, com gosto de pipoca, Netflix e cinema, apimentados com análise, reflexão, objetividade, sensibilidade e crítica. Falam de filmes e séries que atingem milhares de pessoas e, por isso, dialogam tanto com o leitor com elevada formação acadêmica, quanto com o telespectador que se põe frente ao aparelho de televisão sem o compromisso com a reflexividade.
Não vou dar spoiler, mas destaco que a partir de autores (mestrandos e doutorandos) extremamente qualificados, com as mais variadas formações, são abordadas produções como a série “Special”, o documentário “Crip Camp: A Disability Revolution”, os filmes “As sessões” (The sessions), “Ferrugem e Osso”, “Como eu era antes de você” e “Temple Grandin”.
Estas produções são utilizadas para discussões complexas relacionadas com assuntos como a sexualidade da pessoa em situação de deficiência, os movimentos de vida independente, as práticas que se pretendem inclusivas, as definições de normalidade e anormalidade, os estigmas, estereótipos e preconceitos que permeiam a vida daqueles socialmente identificados como deficientes.
São artigos que, em si, representam belos símbolos de que sensibilidade e objetividade podem caminhar juntas na produção de conhecimento. A “Maiêutica em Fá” mais uma vez mostrou-se eficaz para fazer analisar, sentir e esperançar. Boa leitura.
Prof. Dr. Franco Ezequiel Harlos
Instituto Federal do Paraná/Foz do Iguaçu
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN [e-book] | 978-65-5869-512-7 |
Número de páginas | 180 |
Organização | Fátima Elisabeth Denari |
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