Formação docente em pauta: olhares e perspectivas sobre um processo em (des)construção

APRESENTAÇÃO

De tudo ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro. (Fernando Sabino, 2020 [1956], p. 177)

A formação inicial e continuada de professores e os primeiros anos da carreira são essenciais à constituição da base de conhecimentos da docência e produzem intensas aprendizagens da profissão. É, na verdade, um processo complexo, marcado por recomeços e continuidades, sendo necessário que cada professor ou professora faça aquilo que sugere Fernando Sabino na epígrafe supracitada: da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte, da procura, um encontro.

Formar professores é uma tarefa desafiadora que tem provocado profundas discussões em busca de se repensar, reinventar e aprimorar caminhos formativos no contexto das licenciaturas. Reflexo disso é a oferta dos cursos de graduação na modalidade à distância, atendendo a uma demanda cada vez maior, proporcionando, para futuros professores, oportunidades de acesso ao espaço acadêmico e a profissionalização docente.

Aprender a ser professor é uma ação pautada em movimentos contínuos de aquisição, equilibração, modificação e reorganização dos saberes e fazeres profissionais, bem como da identidade docente, que é composta pela pessoa do professor, como assevera Nóvoa (2013 [1992]) 3 . O processo de tornar-se professor é longo, delicado, por vezes, desgastante e solitário, requerendo o comprometimento daqueles que se propõem ao ofício de ensinar e de aprender continuamente, num movimento cíclico e ininterrupto. Contudo, é, também, tempo e espaço para descobertas, encantamentos, desenvolvimento do sentimento de pertencimento à profissão e ressignificação dos modos de ser, viver e ver a docência.

Nesse sentido, os diálogos formativos promovidos no âmbito dos cursos de licenciatura desenvolvidos pelo Centro Universitário INTA (UNINTA), polo de apoio presencial em Castelo do Piauí (PI), suscitam reflexões valiosas sobre a necessidade de reconfiguração social dos processos de formação inicial e continuada de professores. Discussões essas, motivadas pela mudança de paradigma oriunda da sociedade do conhecimento, informação e aprendizagem, suscitando um perfil docente diferente e renovado.

Considerando essas assertivas, a presente obra busca ratificar a defesa de articulação entre universidade e o chão da escola, pois ambas constituem os pilares de aquisição dos saberes professorais e devem ser analisadas em suas práticas formativas, de acolhimento e de orientação. Trata-se de um estudo relevante, pois possibilita a ampliação das discussões sobre a aprendizagem da docência. Além disso, pode contribuir com estudos em desenvolvimento e investigações futuras sobre a epistemologia da prática docente de professores iniciantes.

Neste sentido, recomendamo-la a acadêmicos, docentes da Educação Básica e do Ensino Superior, gestores escolares e, principalmente, aos professores em início de carreira.

Por fim, ressalto que o exercício da leitura crítica e reflexiva dessa obra me proporcionou um novo olhar sobre as categorias formação de professores, Educação a Distância (EaD) e aprendizagem da docência, razão pela qual agradeço aos autores a confiança que a mim depositaram, ao tempo que reitero o sentimento de alegria e honra pela oportunidade de novos aprendizados.

Profa. Raimunda Alves Melo
Doutora em Educação (UFPI)
Professora adjunta da Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Teresina (PI), 10 de março de 2022.