Este livro busca dar visibilidade e divulgar algumas das pesquisas que vem sendo desenvolvidas junto à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo/RS, sobre a região das Missões, do Rio Grande do Sul. Filiando-nos aos pressupostos da História das Ideias Linguísticas em articulação com a Análise de Discurso materialista, entendemos que os espaços urbanos dos municípios que integram a região das Missões são constituídos por diferentes materialidades significantes que visam fixar uma memória social e coletiva sobre o passado histórico a qual se vincula. Tais materialidades significantes integram o que entendemos por arquivo, sendo o arquivo, segundo a posição discursiva, um “campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma questão” (Pêcheux, 1994 [1982], p. 57). O arquivo, sob esse viés, produz um efeito de totalidade, de estabilização de sentidos e da história, além do fato de a totalidade e a estabilização estarem na ordem, sobretudo, do institucional (Roudinesco, 2001).
Pensar o arquivo é pensar o institucional e o político, instâncias que determinam o que pode e deve ou o que não pode e não deve ser posto em circulação pelo arquivo e, especialmente, o que deste pode ou não ser lido. O institucional torna-se, portanto, algo constitutivo do arquivo e tende a estabilizar determinados efeitos e a cristalizar sentidos (Romão, Ferreira e Dela-Silva, 2011). É, pois, considerando que o arquivo não pode ser entendido enquanto um ‘reflexo passivo de uma realidade institucional’ (Guilhaumou, Maldidier & Robin, 1994), que nos propomos lançar gestos de interpretação sobre as materialidades significantes da região das Missões/RS, a fim de observar o trabalho da memória e da história que as afetam. Ou seja, os textos que compõem esse livro visam a compreender a determinação histórica e ideológica do discurso que circula nos espaços urbanos da região missioneira, desconstruindo a evidência dos sentidos.
