Lusofonia afro-brasileira: modos de compreender as expressões idiomáticas.

Autoria: Vicente de Paula da Silva Martins

INTRODUÇÃO

COMO SURGIU MEU ENTUSIASMO COM A (PSICO)LINGUÍSTICA)

A primeira vez que vi um linguista em ação, em campo de pesquisa, foi em 1983. Estudante de Letras na Universidade Estadual do Ceará (UECE), em Fortaleza, surpreendentemente vi adentrar em uma das salas de aula do Centro de Humanidades um pesquisador elegante, fino, voz impostada e nos saudou com um retumbante boa noite. Ficamos bastante curiosos com aquela figura. Em seguida, pediu licença ao colega professor para aplicar aos calouros de Letras um pequeno questionário sobre hipocorísticos. Hipocorísticos? Não tinha a menor ideia do que pudesse ser o tema da pesquisa e o pesquisador, percebendo nossos olhares atônitos, finalmente, identificou-se, apresentou suas credenciais acadêmicas e de forma muito didática, falou-nos sobre os hipocorísticos, objeto de sua pesquisa, que dizem respeito às palavras criadas por crianças pequenas, especialmente durante a aquisição da linguagem, com intenção de carinho, para uso no trato familiar ou amoroso, como Fafá [por Fátima], Mariinha [por Maria], Tião [por Sebastião]. Estava naquele ano diante de José Lemos Monteiro, um dos maiores linguistas cearenses.

Anos depois, li muitos artigos de Lemos sobre os processos morfológicos, com especial atenção a dois deles: “Processos de formação dos hipocorísticos” (1983) e “Os hipocorísticos de José e Maria” (1984), bem escritos, com português escorreito, estilo melífluo, textos bem organizados e objetivos como requerem os princípios e postulados da boa ciência. Na verdade, Lemos se dedicou, de forma muito intensa, nos anos 80, aos estudos dos processos morfológicos, de modo especial os de natureza prosódica e derivacional. Três dos seus livros são adotados por mim em disciplina no Curso de Letras: Morfologia portuguesa (Campinas, Pontes), A estilística (São Paulo, Ática) e Para compreender Labov (Petrópolis, Vozes).

O primeiro estudo de Lemos Monteiro sobre hipocorísticos foi publicado em artigo científico sob o título “Regras de produtividade dos hipocorísticos” (1982). Mais adiante, já no final dos anos 80 e início da minha carreira docente no magistério de Letras, descobri que Lemos havia coordenado uma pesquisa “Dicionário de Hipocorísticos”, realizada, na cidade de Fortaleza, onde coletou uma grande quantidade de nomes hipocorísticos com vistas à elaboração de um dicionário. O Dicionário Hipocorístico de José Lemos Monteiro nos dá uma variedade de exemplos, e muito dos nomes que nele constam, fazem parte também do nosso linguajar diário: Amanda – Manda, Mandinha, Amandinha; Beatriz – Bia, Tricinha, Triz, Trize, Bi; Carla – Carinha, Cacá, Calu, Carlota, Carlita, Lala e a lista vai de A a Z.

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Ano de lançamento

2020

Autoria

Vicente de Paula da Silva Martins

ISBN [e-book]

978-65-87645-67-4

Número de páginas

285

Formato