Modos de fazer pesquisa narrativa: aproximando vida e cultura
Organização: Laura Noemi Chaluh, Carla Andréa Brande, Janaina de Sousa Aragão, Patrícia Cristina Rosalen
Se para o mundo inteiro está sendo difícil enfrentar uma pandemia como a que nos surpreendeu no final de 2019, início de 2020 e sem data para acabar, para nós, brasileiros, a dramaticidade só encontra compreensão no nível do vivido. Todos os demônios foram soltos ao nosso redor, trazendo-nos um duplo desafio: não morrer pelo vírus, nem pela necropolítica instalada no país desde o golpe de 2016. Passamos nossos dias a especular acerca das iniquidades do mundo, o flagelo do desemprego e da uberização da vida, a desigualdade refletida nas mortes e acerca das experiências vividas pelos diferentes sujeitos. Que mundo está em disputa? O que queremos ver edificado a partir de tamanha desconstrução do estabelecido, daquilo que, de um dia para o outro, deixou de ser natural, como é o caso de um simples aperto de mão? Como esse livro escrito anteriormente à pandemia e prefaciado nesse momento nos diz, nos inspira?
Este livro expressa muito do que conhecemos como modo peculiar do Gepec (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada) de pesquisar e formar professores pela pesquisa do qual nos aproximamos na década passada e sintetizamos em muitos trabalhos. Encontramos alguns elementos que unem o Gepec e o GREEFA (Grupo de Estudos Escola, Formação e Alteridade), quais sejam: 1) os autores preferencialmente tomados como inspiração: Mikhail Bakhtin, Michel de Certeau, Walter Benjamin, Paulo Freire, Carlo Ginzburg, Jorge Larrosa e João Wanderley Geraldi; 2) as experiências do vivido como matéria de pesquisa; 3) a literatura como diálogo entre o mundo estético e o ético; 4) o modo narrativo como processo e produto da formação de professores e demais profissionais da educação; 5) a centralidade da linguagem nos processos dialógicos de compreensão e negociação de sentidos; 6) o valor do trabalho coletivo, resguardadas a alteridade e a autoria como singularidades vividas por meio de enunciações próprias e, 7) por último, mas uma característica intransigentemente defendida, a incorporação de estudantes de graduação, mestrado e doutorado junto aos professores que estão na lida nas escolas da Educação Básica.
Elementos de continuidade entre o Gepec e o GREEFA e entre as pesquisas da experiência do vivido produzidos pelos dois grupos não significa repetição do mesmo. A apropriação dos referenciais teórico-metodológicos expressos nesta publicação é essencialmente rigorosa, autoral e mais ampla do que a que fizemos inicialmente, na medida em que expressa a produção de um grupo de pesquisa orientado coletivamente, dada a ver nos trabalhos de diferentes autores, capítulo a capítulo, e não de um vivido coletivo narrado por um único sujeito. Esse dado é fundamental no sentido do alargamento da compreensão do alcance e potencial de uso do referencial teórico-metodológico como mapa para formação de professores pesquisadores vivenciando processos coletivos de narrar o vivido e extrair lições pessoais dele.
Maria Emília Caixeta de Castro Lima
Corinta Maria Grisolia Geraldi
João Wanderley Geraldi
Ano de lançamento | 2020 |
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Formato | |
ISBN | 978-65-87645-49-0 |
ISBN [e-book] | 978-65-265-0028-6 |
Número de páginas | 211 |