O ciúme e suas conseqüências para os relacionamentos amorosos

Thiago de Almeida

PREFÁCIO

Há dois anos, conheci uma pessoa interessada em ciúme, que se destacava pelo acurado interesse científico e pelas estratégias amáveis e convincentes de buscar informação e amizade. Estou falando do autor desta obra, o psicólogo, psicoterapeuta, pesquisador, mestre e doutorando em Psicologia Thiago de Almeida.

Uma das coisas em que eu acredito é que a internet aproxima as pessoas. Tanto que um dia recebi um e-mail de um, até então, desconhecido Thiago, que estava estudando o ciúme e queria adquirir o meu livro Ciúme Romântico. Por escassez de tempo, não pude remeter o livro prontamente, mas, assim que pude, enviei-lhe o material solicitado com uma incentivadora dedicatória. Um mês depois, recebo outro pedido dele, para que enviasse outro livro para uma colega que também pesquisava sobre o tema. A este pedido, sucederam-se remessas de artigos, arquivos de textos e testes sobre ciúme, até que ele me convidou para participar de sua banca de mestrado.

Impressionaram-me as diversas vezes em que este jovem perseguiu insistentemente um texto, uma análise, uma opinião sobre o ciúme. Surpreendi-me com os questionamentos que ele me apresentava e a complexidade das dúvidas com que ele me bombardeava, atrás de respostas para as quais ainda não havia pesquisas sobre o assunto.

Assim se construiu uma amizade baseada na admiração e respeito mútuos. O ciúme, que tanto separa as pessoas, cientificamente tende a aproximar os estudiosos do tema.

O ciúme sempre chamou a atenção de todas as pessoas. Tem sido um tema explorado na poesia, na literatura, no cinema, nas novelas, na música, especialmente quando um indivíduo sente que um relacionamento afetivo valorizado está ameaçado, a exclusividade do amor de um parceiro amoroso corre perigo, pela interferência de um rival real ou imaginário.

O ciúme tem suas raízes nas experiências triangulares vividas por cada um de nós. Desenvolve-se precocemente na infância quando a exclusividade de um relacionamento (por exemplo: com a mãe) esteve ameaçada (pelo pai ou pelos irmãos).

Há uma multiplicidade de estudos sobre o ciúme. As investigações sobre ciúme entre irmãos abordam a rivalidade entre os filhos, inicialmente frente à atenção dos pais, e depois se alastra para as outras pessoas significativas.

Há outras situações inusitadas de ciúme que não têm sido devidamente consideradas em pesquisas científicas: ciúme entre amigos, ciúme entre sogra(o) e nora/genro, ciúme entre enteado(a) e madrasta/padrasto, ciúme do estudo (parceiro cdf), trabalho (par workaholic), do esporte (torcedor fanático ou desportista contumaz), da religião (fanatismo religioso), e tudo o mais que possa rivalizar com o relacionamento.

Certamente, o fascínio é maior sobre o chamado ciúme romântico, amoroso ou sexual. Observa-se, na literatura científica, que estudos sistemáticos sobre o ciúme aumentaram significativamente a partir de 1977, quando da realização de reuniões anuais que incluíam o ciúme como tema de estudo, em especial nos eventos da Midwestern Psychological Association e da American Psychological Association. E hoje este é um dos assuntos que mais cativa os pesquisadores em todo o mundo.

Nota-se, entretanto, que são raras as obras científicas de consulta psicológica disponíveis em Língua Portuguesa, com destaque para os livros de autores brasileiros Ciúme patológico de Antônio Mourão Cavalcante, Ciúme de Wilmer Botura Jr., Ciúme: o medo da perda de Eduardo Ferreira-Santos e Ciúme Romântico: teoria e medidas psicológicas de André Luiz Moraes Ramos; além de dois livros traduzidos, a saber: Ciúme: a outra face do amor do italiano Willy Pasini e os norte-americanos A paixão perigosa: por que o ciúme é tão necessário quanto o amor e o sexo, de David Buss, e A síndrome de Otelo: vencendo o ciúme, a traição e a raiva em seu relacionamento de Kenneth Ruge e Barry Lenson A presente obra contribui para a compreensão de tópicos relevantes sobre o ciúme.

André Luiz Moraes Ramos

Ano de lançamento

2007

Autoria

Thiago de Almeida

Número de páginas

243

Formato