Olhares reflexivos à luz das Teorias Linguísticas
Organização: Alessandra Ribeiro Queiroz, João Vítor Sampaio de Moura, Lucélia Cristina Brant Mariz Sá, Maíra Sueco Maegava Córdula
APRESENTAÇÃO
Alessandra Ribeiro Queiroz
João Vítor Sampaio de Moura
Lucélia Cristina Brant Mariz Sá
Maíra Sueco Maegava Córdula
Em 2021, foi ofertada a disciplina “Teorias Linguísticas” para os estudantes de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Ela tinha como foco principal revisitar as epistemes da linguística moderna, a fim de analisar conceitos e estabelecer diálogos com as pesquisas recentes na área de linguística.
Uma das atividades finais da disciplina foi a escrita colaborativa de textos acadêmicos no formato de ensaios ou artigos científicos. O objetivo deste trabalho foi realizar um exercício de reflexão, ressignificando conceitos essenciais da linguística diante de pesquisas mais recentes ou da observação de novos objetos.
Este volume contém a coletânea de trabalhos desenvolvidos pela turma ofertada no período noturno, divididos em 15 capítulos e escritos sobre diferentes temas que estão relacionados à área de linguística. Os textos foram agrupados considerando as explanações teóricas da linguística e suas variações. Com o propósito de orientar e conduzir o leitor ao longo da obra, a seguir, apresentamos os pontos centrais de cada um deles.
O primeiro capítulo desta obra, intitulado “Linguística de Corpus: surgimento e contribuições aos Estudos da Linguagem”, de autoria de Ramos, Azevedo e Sousa traz uma visão geral da Linguística de Corpus (LC), estabelecendo-a como mais que uma metodologia, mas um caminho para construção de uma teoria empírica para os estudos da linguagem. Nisso, as autoras apontam que a Linguística de Corpus se assemelha a um caminho de compreender e teorizar, maximizando recursos, otimizando resultados e apontando novas formas de seguir em diante por meio dos estudos de corpora.
No capítulo “Contribuições das ciências sociais e humanidades para a Linguística Aplicada de viés crítico”, Pricinoti, Teixeira e Abreu traçam um programa de pesquisa, ação e intervenção que traz à tona os problemas implícitos na definição das questões de pesquisa, tendo em vista a revisão dos fundamentos sobre os quais se constroem as políticas linguísticas no país. Assim, apresentam e discutem uma Linguística Aplicada indisciplinar, com uma versão mais dinâmica e responsiva de estudo das relações linguagem/contexto, tentando tornar visíveis as maneiras significativas com que a linguagem molda o social e vice-versa.
Dando sequência, em “A língua como fato social na sociolinguística laboviana”, Mateus, Santos e Figueiredo verificam em que medida o conceito de fato social foi abordado em teorias linguísticas desde antes de Ferdinand Saussure até os estudos mais contemporâneos da língua. Nesse sentido, eles observaram que o estudo social da língua, proposto por Labov, admite que existem variações na língua falada em uma mesma comunidade e, a partir dos seus estudos em conjunto com Weinreich e Herzog (2006), fundamenta-se uma teoria cuja língua é heterogênea e ordenada.
No capítulo seguinte, “Reflexões sobre linguística moderna e ensino: superação do tradicionalismo pelas vias do gerativismo” os autores Leal, Almeida Neto e Sousa buscaram estabelecer uma comparação da relação entre a Gramática Tradicional e o Gerativismo, como práticas de ensino de língua nas instituições de ensino. Nesse sentido, dentro das escolas, um modelo de ensino bastante alicerçado na perspectiva mais tradicional se faz presente até os dias atuais, fato que acaba sendo ferramenta de exclusão e desmotivação de discentes, ao desconsiderar a pluralidade/as singularidades tanto da língua quanto dos aprendizes.
Em “As noções de lingua(gem) no contexto da Linguística: rebatimentos para a sala de aula de língua estrangeira”, Arantes e Pontes traçam um percurso histórico pelas noções de lingua(gem) dentro das principais abordagens de ensino de língua estrangeira, confrontando-as com as concepções de língua/linguagem nas principais teorias linguísticas desde o reconhecimento da Linguística enquanto ciência. O ensaio visa problematizar como a abordagem de ensinar a Língua é influenciada pela concepção de lingua(gem) do professor e vice-versa e nos conduz a uma noção de lingua(gem) reconhecida como um sistema complexo, multiforme, composto por múltiplos fatores interagentes e que encontra ressonância na concepção pedagógica conhecida como pós-método.
No capítulo “Contribuições do pensamento decolonial para o letramento crítico”, Oliveira e Rodrigues refletem sobre como o pensamento decolonial pode contribuir para o letramento crítico, discutindo as relações possíveis entre ambos, haja vista que a mesma linguagem que é usada como instrumento de poder para colonizar, também pode ser usada como artefato decolonializador. Neste sentido, demonstram que o letramento crítico pode-se valer dos postulados decoloniais a fim de romper com a naturalização do colonialismo eurocêntrico na sociedade, por meio de um letramento que seja capaz de proporcionar uma reflexão significativa e mobilizadora de criticidade.
Na sequência, em “O ensino de leitura e a análise do discurso: enlaces que ultrapassam a superfície textual”, Borges e Correia propõem investigar de que forma a Análise do Discurso (AD) contribui para o ensino de leitura, a partir da reflexão de trabalhos que versam nessa temática. Assim, a proposta se justifica por considerarem que uma abordagem pautada em reflexões sobre a língua, a diversidade linguístico-social e os processos sócio históricos, seja importante para reivindicar ao ensino de leitura um espaço possível para a formação de leitores críticos e engajados socialmente.
Queiroz, Colmanetti e Mariz Sá, em “Produções textuais do gênero meme no contexto da pandemia: um estudo à luz do funcionalismo e da intertextualidade”, abordam uma discussão que objetiva estudar como as correntes do funcionalismo e da intertextualidade podem ser observadas e exemplificadas nos contextos sociais de produção textual do gênero discursivo meme. Assim, as autoras afirmam que os memes criados em período pandêmico nos mostraram, mais uma vez, o quanto a língua (re)afirma a sua natureza social, vinculada às condições de comunicação.
No capítulo “A noção de arbitrariedade e símbolo no uso e interpretação de emojis”, Rodrigues e Carleto apresentam um recorte teórico-analítico sobre emojis, noção de arbitrariedade e símbolo. Com isso, as autoras perceberam que nos emojis selecionados, a semi-arbitrariedade entre o símbolo e o seu significado apresenta elementos que relacionam o significado com o significante nos contextos em que se inserem.
Em “’A Pfizer!’: intertextualidade e humor sob a ótica da Análise de Discurso Crítica”, Peixoto, Miranda e Moura versam a respeito de um objeto teórico/conceito/princípio da Linguística Moderna, apresentando uma reflexão sobre a relevância, os limites e as possibilidades do conceito/princípio/objeto teórico para observar/descrever/explicar a materialidade linguística. Abordam o conceito de intertextualidade na Análise de Discurso Crítica (ADC) faircloughiana, usando como exemplo a construção do humor no vídeo “A Pfizer”, do humorista Esse Menino. O estudo é direcionado para quais textos e vozes relevantes são incluídos/as ou excluídos/as de forma significativa e de que forma são articulados/as.
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Ano de lançamento | 2022 |
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Número de páginas | 211 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-773-2 |
Organização | Alessandra Ribeiro Queiroz, João Vítor Sampaio de Moura, Lucélia Cristina Brant Mariz Sá, Maíra Sueco Maegava Córdula |
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