Saúde e sociedade: questões de pesquisa na pós-graduação.
Organização: Alan Silus, Liliane Pereira de Souza
APRESENTAÇÃO
Sabemos que ao longo da nossa vida, estamos sempre em processo de aprendizagens, não é mesmo? Desde a Educação Infantil somos colocados em contato com as diversas formas de conhecimento e na medida em que crescemos, esses conhecimentos se expandem, se aperfeiçoam ou se modificam. Ao buscar desenvolvimento de maneira eficaz, o homem se depara com novas formas de aprendizagem e novas formas de representar a realidade. O homem descobre então, o conhecimento!
Ao longo de sua evolução, o ser humano racional produziu diversas formas de conhecimento para explicar, melhorar ou significar o seu dia a dia. Marques [et. al.] assevera que
“com o desenvolvimento do conhecimento humano e da linguagem necessária à sua transmissão, surgiram duas formas de conhecimento que dominaram a humanidade por milhares de anos: conhecimento empírico (senso comum) e conhecimento religioso. Posteriormente surgiram os conhecimentos filosóficos seguidos da ciência, a qual é uma proposta historicamente muito recente.” (MARQUES [et. al.], 2014, p. 11, grifos do autor).
Assim, o despertar para o conhecimento gera ao homem a atividade da pesquisa, que para Ávila (2009, p. 16) “não é mito nem rito. Para se entrar no seu mundo, basta que se equipe progressivamente de: a) hábito de cultivo da curiosidade; b) disponibilidade para fundamentação e aprendizado permanentes; c) exercício de capacidade dinamizador-criadora; d) intenção de aprendizado cumulativo, pela conquista da paciência estratégica de se começar pelo começo ou de se preparar e ensaiar para produções sofisticadas a partir das mais simples e fáceis; e) gosto pelo desenvolvimento de habilidades de prospecção, programação, acuidade e controle de observações; e f) condições mínimas de formulação de análises descritivo interpretativas, principalmente por escrito”.
Dessa maneira, o homem se viu imerso a um mundo de inquietações. Para que essas inquietações fossem respondidas, pesquisava. Ao longo dos anos, outras inquietações foram surgindo e com a sistematização do conhecimento, essas inquietações tornam-se objeto de estudos que levaram longos anos para ser concretizados e, muitas vezes, até hoje não se chegou ao produto final.
A pesquisa então passa a ser incorporada à universidade, que é vista como o principal centro para a disseminação e práticas de pesquisas. Contudo, Demo nos alerta que a pesquisa
“deve ser vista como processo social que perpassa toda a vida acadêmica e penetra na medula do professor e do aluno. Sem ela, não há como falar de universidade, se a compreendermos como descoberta e criação. Somente para ensinar, não se faz necessária essa instituição e jamais se deveria atribuir esse nome a entidades que apenas oferecem aulas”. (DEMO, 1990, p. 36).
Com o passar dos anos, e com o aumento da quantidade de questões a ser pesquisadas, o homem necessita fazer a divulgação das mesmas, encontrando ai outras pessoas que comungam da mesma investigação, possibilitando assim trocas de experiências e agilidade na busca de respostas. Com relação a essas trocas, com o advento da globalização, a disseminação da informação se tornou uma exigência do mundo acadêmico e hoje é fundamental que qualquer pesquisa científica seja divulgada.
A construção de um texto científico envolve uma diversidade de fatores e elementos que são desencadeados desde a seleção das ideias do autor até o modo como essas ideias serão transpostas para o modelo a ser produzido. Um ponto necessário é a produção por meio da dialogicidade proposta pelos estudos do filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975) onde o autor enxerga que todo discurso deve ser enunciado à luz de outrem e, que por mais que eu escreva uma obra com a minha visão pessoal, sempre trarei a visão do que outros (autores, professores, pesquisadores e até leigos) já disseram/ pensaram sobre o que digo.
Nessa questão, Amorim apresenta que
“adotar uma perspectiva dialógica não quer dizer que se recusa todo texto monológico. O monologismo tem sua produtividade, sua potência de dizer. A dimensão monológica do texto científico é tão necessária quanto o é na poesia, nos ensina Bakhtin. Entretanto, é necessário poder analisar o como: onde o texto é monológico? em que lugar? qual é a voz que ele suprime? e qual o efeito disso na produção de conhecimentos?” (AMORIM, 2001, p. 16, grifo da autora).
Marília Amorim ainda ressalta que
“a abordagem dialógica do texto de pesquisa […] tenta ultrapassar esses dois impasses simétricos pela ideia segundo a qual o conhecimento é uma questão de voz. O objeto que está sendo tratado num texto de pesquisa é ao mesmo tempo objeto já falado, objeto a ser falado e objeto falante. Verdadeira polifonia que o pesquisador deve poder transmitir ao mesmo tempo em que dela participa. Mas o conhecimento que se produz nesse texto é também uma questão de silêncio. Voz silenciada ou ausência de voz, a alteridade se marcará muitas vezes desse modo.” (AMORIM, 2001, p. 19, grifos da autora).
Portanto, as estratégias a serem adotadas ao longo da produção escrita devem ser dialógicas entre si. Aliar teoria e prática, por mais que se obtenha uma complexidade de ações para que isso aconteça, é uma estratégia a ser adotada. Com isso, vamos compreender que “as dificuldades de pesquisa e da produção do texto monográfico (aqui tomado como um sinônimo de texto acadêmico) demandam uma incursão acerca do estudar e do aprender”. (SIMÕES, 2005).
Com conteúdos cujas responsabilidades de escrita e análises são de seus autores, as pesquisas aqui apresentadas contribuem para o desenvolvimento da ciência em Mato Grosso do Sul, uma vez em que temos um Estado em ampla expansão científica e sociocultural. Os artigos apresentados neste e-book constituemse produtos de pesquisas desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação Lato Sensu nas áreas de Saúde, Educação e Sociedade desenvolvidas ao longo dos anos de 2015 a 2017.
Assim, desejamos a você, uma excelente e profícua leitura!
Alan Silus
Liliane Pereira de Souza
Ano de lançamento | 2018 |
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ISBN [e-book] | 978‐85‐7993-591-6 |
Número de páginas | 110 |
Organização | Alan Silus, Liliane Pereira de Souza |
Formato |