Ser humano: antologia poética
Organização: Edimar Brígido, Jordhan Gularte Francisco
APRESENTAÇÃO
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso
querer ser nada. À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo”.
Álvaro de Campos
Ser Humano – ser terra fértil
Talvez poucos possam acreditar, mas é fato que a ninguém é dado o privilégio de nascer humano. A humanidade é busca, é processo de
conquista e, certamente, é a conquista mais estimulante dentre todas. Humano, que em latim pode remeter ao conceito de húmus, é um convite para transcender à mera existência factual e se tornar “terra fértil”, receptora, geradora. Ser humano é ser terra fértil, produtiva, capaz de gerar vida e fazer esta mesma vida florescer e produzir frutos.
É na terra fértil que a sensibilidade é cultivada, possibilitando que os mais genuínos sentimentos sejam aflorados. Ser humano é ser amor, porque a terra fértil só pode ser fértil quando ama. O amor gera vida e torna a vida possível.
É das contrações que anunciam o parto que o amor nasce; é da erupção da terra rasgada pelo broto da semente que a beleza surge misteriosa. Erupções, contrações: ser humano também é ser dor, mas uma dor que não aquieta, ao contrário, ensina, fortalece, amadurece. Uma dor que desperta, uma dor poética que não só dói, mas humaniza.
Então, ser humano é ser poeta. O poeta conta estórias, rima palavras, cria e recria o tempo todo, sem precisar sair do lugar; o mundo é o seu lugar. Não existe humanidade sem poesia, e a natureza mostra isso. A poesia tem o poder de facilitar os partos, potencializando o processo de se tornar humano. No lugar de uma existência não-autêntica, a poesia é uma forma de despertar a consciência, possibilitando a passagem da coisa para a arte; do nada para o tudo.
A vida é uma arte, a mais refinada de todas, a mais bela de todas, a mais difícil de todas. Simples mesmo são as flores que perfumam e brilham com suas cores vibrantes.
Para um exímio poeta, o ser humano não é nada – como elucida a epígrafe acima. Mesmo assim, ele é capaz de carregar em si todos os sonhos do mundo, inclusive o de não ser apenas um, mas inúmeros. Já não importa o que o ser humano é, mas o que ele pode vir a ser. O ser humano é; ele se faz poeticamente.
A poesia é uma atmosfera em si, talvez a única atmosfera possível na qual o ser humano pode respirar. A poesia é uma forma de respirar do jeito certo; é uma forma de fazer entrar ar naquele espaço em que antes não existia praticamente nada. Gerar vida, ocupar espaços, ressignificar: poetar.
Então vamos exercitar:
Respire, vamos lá, respire lentamente! Agora respire. Sinta que a poesia é a mais profunda expressão de ser livre. A poesia também liberta!
Respirar é tornar-se humano, é poetar. Este é o convite desta coletânea que reúne textos inéditos de poetas e poetisas que ousaram respirar e que nos ajudam a respirar também, evidenciando nossos traços – ainda pálidos – de humanidade. Ser humano é tudo isso. Ser humano é possibilidade, porque a terra fértil sempre pode gerar novidades.
Os organizadores
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN | 978-65-5869-302-4 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-303-1 |
Número de páginas | 209 |
Formato | |
Organização | Edimar Brígido, Jordhan Gularte Francisco |