Sexualidade e o corpo gordo

Autoria: Ana Cláudia Bortolozzi, Tamires Giorgetti Costa

APRESENTAÇÃO

O corpo dá sentido a nossa existência e dele usufruímos prazeres e desprazeres a todo o momento. É o corpo que nos faz seres vivos, sua integridade, funcionalidade e disfuncionalidade, permeado de vários fatores que nele interfere a forma de viver.

Mas o corpo, que nos constitui como seres vivos, não é isolado, quando somos seres sociais. Vivendo em contextos culturais e históricos, o corpo passa a ter representações sociais, dependendo da cultura e do momento histórico suas simbologias de normalidade e de aparência estética é fluida.

Atualmente e aqui no cenário ocidental, a representação de um corpo “saudável” e “belo” é permeado de características consideradas vantajosas: branco, sem pelos, alto e magro, por exemplo. É esse modelo de corpo, considerado desejável socialmente e que atende mais a ideologia do momento do que a saúde propriamente dita, que nos propomos a discutir e a refletir entrelaçando as questões da sexualidade.

Consideramos a sexualidade um conceito amplo que envolve um fenômeno social e histórico, cuja expressão vai além da genitalidade, incluindo questões de gênero, afeto, orientação sexual, sensações prazerosas e também as práticas sexuais. Falar sobre sexualidade da pessoa gorda é um duplo desafio, pois se trata de uma realidade pouco discutida ainda mais evidente quando os fenômenos se interseccionam.

Por que o corpo gordo foge aos padrões definidores de normalidade? Que implicações essa diferenciação causa na vivência da sexualidade? Como homens e mulheres desenvolvem sua autoimagem tendo como base um conceito de desajuste e desvio em si mesmos(as)? Que tipos de preconceitos são vivenciados que dificultam a construção de uma boa autoestima, importante para qualquer pessoa em suas relações amorosas e sexuais?

Entendemos ser urgente tratar desse assunto, ainda mais no período da adolescência em que o desenvolvimento rápido do corpo amadurecido e crescido, enfrenta desafios sociais constantes de julgamento e discriminação. Para contribuir neste debate, levantamos por meio de uma vasta pesquisa bibliográfica alguns temas pertinentes apresentados nesta obra em capítulos.

O Capítulo 1 O corpo e o belo: aspectos históricos e culturais, traz a historicidade do corpo como fenômeno biocultural, nos diferentes períodos históricos como a antiguidade, idade média, moderna e contemporânea. Em cada época, diferentes padrões de beleza entraram em vigência, até chegarmos ao que consideramos “belo” atualmente.

O Capítulo 2 O corpo gordo: relação saúde e doença, descontrói concepções patológicas a partir do termo “obesidade”, que são pautadas no peso corpóreo e justificam a busca “pela saúde”. Mas, o que seria o “cuidado com a saúde?”, por que pessoas gordas também podem ser consideradas saudáveis? Como o “ser saudável” pode justificar a inviabilização dos corpos gordos e o constante controle? E por último, algumas considerações sobre o conceito de autoestima e suas repercussões na subjetividade humana.

O Capítulo 3 Corpo gordo e sexualidade, discorre sobre o tema central desta obra e mostra o ativismo gordo como agente transformador e de identificação social, além de uma série de produções acadêmicas que abordam a sexualidade da pessoa gorda, estigmas e preconceitos.

Finalmente, o Capítulo 4 “Considerações Finais”, apresenta nossas considerações finais, relacionando alguns apontamentos sobre as questões da sexualidade de maneira geral e o corpo gordo.

Esperamos que a leitura desta obra possa elucidar a temática e colaborar para caminhos mais promissores em propostas de educação sexual junto a adolescentes, em atendimentos clínicos junto a essa população, ou ainda, discutindo a temática em grupos de educadores, adultos e familiares.

Bauru, verão de 2022 As autoras

Ano de lançamento

2022

Número de páginas

108

ISBN [e-book]

978-65-5869-696-4

ISBN

978-65-5869-695-7

Formato

Autoria

Ana Cláudia Bortolozzi, Tamires Giorgetti Costa