Esse livro nasceu, não apenas de outra obra científica, mas primeiramente da pessoa de Hedlamar Fernandes, do seu desejo mais íntimo, de algo no mundo. No seu mestrado construiu uma parceria de sentido com seu orientador Hiran Pinel, em um movimento de processo ensino-aprendizagem significativo. Assim, acima de tudo é um sonho da autora ter sua pesquisa em livro, como recomendou todos os membros da sua banca.
Neste livro, os autores navegam com vontade, no mundo dos atendimentos educacionais em ambientes hospitalares, cujas práticas educacionais, objeto da Pedagogia, podem se inserir no que denominamos de Educação Especial, que é o tema escolar que acontece dentro da sala de aula (classe hospitalar) e fora dela, como no leito, no domicílio. Mas, não adianta apenas o escolar e abandonar os processos orgânicos e psicológicos da pessoa quando se propõe trabalhar com estudantes com quadros graves de saúde em instituições de saúde, e nesse contexto aparece o que se denomina de Pedagogia Hospitalar focando o não escolar. Ainda que a diferença entre um e outro não esteja totalmente estabelecida, afinal sempre em construção, a ideia central dos autores foi essa. Como esses dois cientistas chegaram neste caminho? Eles optaram estudar um caso de um aluno que se autonomeou de Naruto, fã que deste anime japonês, um herói no seu cotidiano, que se tornou cego e que possui atendimento na Pedagogia Hospitalar.
Para descrever e compreender, ela recorre ao método fenomenológico de investigação, e para esclarecer as “sendas de ser” nos atendimentos educacionais em ambientes hospitalares de Naruto, recorre aos conceitos presentes nas obras de Paulo Freire (1921-1997), pontuando seus modos de ser com o outro, no mundo – de Naruto. E neste movimento, os autores desvelam práticas educacionais, os modos de ser, a compreensão de “ser no mundo”, a dinâmica familiar e afetos, um ato de afetar um e outro, e ao leitor.
Que se faça uma aprazível leitura de uma obra que jamais abandona o rigor da ciência.
