Movimentos sociais, sujeitos e processos educativos: uma antologia do GT03 da ANPEd

Elmir de Almeida, Leandro R. Pinheiro

DOI: 10.51795/9786558694076

PREFÁCIO

Maria Antônia de Souza

É uma alegria prefaciar a obra Movimentos sociais, sujeitos e processos educativos, organizada por colegas do Grupo de Trabalho 3 (GT3) da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Primeiro, porque participo do GT desde o ano de 1993, ocasião em que apresentei o primeiro trabalho, versando sobre o educativo no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). À época, estavam na mesa de debates a profa. Marilia Pontes Sposito (coordenadora do GT de 1995 a 1997) e o professor Jacques Therrien (coordenador do GT nos anos de 1988 a 1990). Segundo, porque tive o prazer de estar na coordenação do GT de 2011 a 2012 e participar dos debates que antecederam a última mudança de nome do grupo. Terceiro, porque é um GT que agrega pesquisadores ao mesmo tempo que fomenta a emergência de novos grupos de trabalho. A essência dele é a dinâmica da sociedade, a prática social, os sujeitos históricos, a educação construída coletivamente nos movimentos sociais e nos espaços escolares. Os trabalhos não somente dizem dos sujeitos históricos, sujeitos de direitos. Os sujeitos pesquisadores dizem de si mesmos ao investigarem a educação na sociedade, na diversidade, nos processos de lutas.

Prefaciar uma obra que tem a centralidade no movimento da sociedade, em um momento em que o país se aproxima de meio milhão de pessoas que perderam a vida na pandemia de Covid-19, é tarefa que exige concentração. Vivemos tempos difíceis, desde o ano de 2016, agravados com os desdobramentos da eleição presidencial de 2018. Movimentos sociais de trabalhadores e trabalhadoras, jovens das periferias das cidades e do campo, indígenas, negros e negras, professoras e professores, entre tantos outros, são atacados, assassinados e criminalizados. A violência vai sendo banalizada, torna-se corriqueira, assim como o aumento do número de pessoas em situação de rua aumenta a cada dia. São vidas em perigo, seja por conta do vírus ou de governos para os quais “vidas não importam”. Não é por acaso que Miguel González Arroyo publica o livro “Vidas ameaçadas”1 , em 2019. São vidas de pessoas cuja existência é possibilitada pela resistência diária.

A obra trata da sociedade a partir dos movimentos sociais, dos seus sujeitos e dos processos educativos nele construídos. É composta de partes que instigam o leitor a viajar pelo cenário de origem do grupo, os problemas nele debatidos e os interlocutores nacionais e internacionais.

É um livro que nos faz pensar em esperança, pois contém textos que dizem de práticas sociais, ações coletivas, movimentos sociais que lutam pela conquista e manutenção de direitos, além de revelar que há uma dinâmica social que resiste à política antidemocrática. Diz de sujeitos que denunciam o Estado protetor dos interesses empresariais, que lutam por políticas públicas e, especialmente, pelo reconhecimento da própria existência.

Ano de lançamento

2021

ISBN [e-book]

978-65-5869-407-6

Número de páginas

531

Organização

Elmir de Almeida, Leandro R. Pinheiro

Formato