
Formação de educadoras-pesquisadoras, os diários de itinerância de uma disciplina. Vol 2
Organização: Patrícia Ap. Bioto
A pesquisa-ação propugna que o investigador mergulhe na realidade que vai ser investigada, que se incomode com as questões que entende estarem quase a exigir seu olhar sobre elas. E ao deitar seu olhar sobre a realidade, a investigue até as reentrâncias e vá aos cumes em que ela se expressa para poder oferecer uma explicação e uma sugestão de como aquilo pode ser significado, ressignificado para e com aqueles que vivem e produzem aquela realidade. Uma vez feito esse movimento, nada mais será como antes. O pesquisador já não será aquele que pretendeu e iniciou a pesquisa. Os participantes terão sido afetados pelo processo de pesquisa em que se envolveram. Eles estiveram lá, na pesquisa, assim como a pesquisa esteve neles – e isso é pesquisa-ação. A realidade também não será mais a mesma, ao menos para aqueles que vivem nelas. E se a realidade não é mais a mesma para aqueles que vivem nela, ela também será uma realidade transformada, pois ela é construída socialmente pela e na rede de significados que os homens em sociedade atribuem a ela e pela e na impregnação da realidade pela ação dos homens.
O pesquisador em pesquisa-ação é aquele que age com os sentidos que fervilham em si, para transformação de si e da realidade que investiga e do mundo em que habita: “Nós nascemos, por assim dizer, provisoriamente, em algum lugar; pouco a pouco é que compomos, em nós, o lugar de nossa origem, para lá nascer mais tarde e, a cada dia, mais definitivamente” (Rainer-Maria Rilke apud Barbier, 2007, p. 37). Ao fazer pesquisa, o pesquisador deixa seu lugar de origem para se desencontrar de si. Estranhamente, é nesse processo que ele pode olhar para si e para o mundo de onde veio e em que está, mundo que é o mundo interno e o externo, e ver facetas de si que antes não lhe estavam claras, que estavam ocultas, que estavam nele e que não estavam nele ainda, mas que ele tinha as condições de reconhecer – restava fazer a pesquisa para se conhecer como nunca antes havia se conhecido. A primeira realidade que a pesquisa-ação transforma é a do próprio pesquisador. Primeira, mas não única, pois sua abordagem é social, porque pesquisa-ação não se faz sozinho, se faz com um grupo, num determinado contexto cultural e social.
| Ano de lançamento | 2025 |
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| Formato | |
| ISBN | 978-65-265-2414-5 |
| ISBN [e-book] | 978-65-265-2413-8 |
| Número de páginas | 117 |




