A construção da autoria em práticas de escrita escolares
Organização: Alita Carvalho Miranda Paraguassú, Silmara Barbosa Alencar
PREFÁCIO
“A construção da autoria em práticas de escrita escolares”, livro organizado pela professora Dra. Alita Carvalho Miranda Paraguassú, reúne as contribuições de licenciadas e licenciandas do Curso de Letras – Língua Portuguesa do Instituto Federal de Goiás (IFG – Campus de Goiânia), sobre o tema da autoria na escola brasileira. A obra está organizada em oito capítulos, os quais abordam questões relevantes para se pensar o tema em relevo, focalizando atividades práticas, oficinas de aprendizagem e projetos de pesquisa-ação desenvolvidos no âmbito da Educação Básica.
O livro coloca como questão central o processo de autoria na Educação Básica, mostrando, por meio de projetos de iniciação científica, Programa de Iniciação à Docência (PIBID) e Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), como esse processo pode ser compreendido no âmbito escolar, ampliando o espaço de debate para que se repense o próprio conceito de autoria, o qual, muitas vezes, desconsidera autores não canônicos de um determinado segmento ou classe social.
Dentre alguns dos principais fundamentos teóricometodológicos presentes no livro em questão, encontram-se os pressupostos de autores da área da linguagem e do discurso, tais como Foucault, Bakhtin, dentre outros, os quais são evocados nos capítulos que discutem mais profundamente o processo de autoria dos estudantes da escola básica. No campo da educação, são trazidos pensadores como Rubem Alves, Paulo Freire e Daniel Munduruku. A relevância de cada um desses estudiosos pode ser vista no desenvolvimento dos projetos voltados para a sala de aula, em que temas como autonomia dos sujeitos leitores e produtores de textos, interação professor-aluno, abordagem de ensino e transversalidade são trazidos à tona, estando, desse modo, em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) [1], levando a uma compreensão de que as aulas de Língua Portuguesa na escola podem ultrapassar o campo da Gramática Normativa e das práticas tradicionais de ensino.
A obra coloca em discussão também a hegemonia das formas de conceber o ensino de Língua Portuguesa na escola brasileira, desconstruindo algumas crenças sobre o que é ser professor e como isso pode ser transformado a partir de um olhar mais amplo sobre o fazer docente, o que contribui de maneira significativa para que sejam repensadas as atividades de ensino tanto nos cursos de Licenciatura em Letras, quanto nas escolas de Educação Básica, de modo mais amplo, a fim de que se possa colaborar para uma concepção que contempla teoria e prática de maneira indissociável, conforme defendem Pimenta e Lima (2004).[2]
Além de tratar o tema da autoria na escrita dos estudantes da Educação Básica, o livro em questão traz um aceno aos professores em formação inicial e aos professores em exercício de que é possível pensar em práticas educativas mais autônomas e mais inclusivas nas aulas de Língua Portuguesa, abrindo passagem para que as vozes dos estudantes também sejam ouvidas, inclusive quando se pensa no Ensino de Português como segunda língua ou língua adicional, já que esta demanda também tem se apresentado às escolas brasileiras nos últimos tempos.
Por todas as razões apresentadas, podemos dizer que a obra aqui apresentada pode significar uma fonte de pesquisa e fortalecimento de práticas mais engajadas na escola, para que se discutam os conceitos de autoria, leitura, letramento, escrita, língua, linguagem e os mais diferentes usos da linguagem na sociedade contemporânea. Além disso, podemos afirmar que o livro em questão é um convite para que professores e pesquisadores repensem o fazer docente, não apenas como um conjunto de competências e habilidades técnicas, mas também e sobretudo como perspectiva de emancipação política, como sempre defendeu Paulo Freire e outros pensadores. Por tudo isso, acredito que esta obra deva figurar entre os materiais de apoio aos professores em formação inicial (alunos de Estágio das licenciaturas em Letras – Português), professores que já atuam na Educação Básica e pesquisadores interessados na relação teoria-prática nos mais diferentes projetos de pesquisa, ensino e extensão dentro e fora da universidade.
Mirian Santos de Cerqueira
Goiânia, 12 de abril de 2021.
Notas de rodapé
[1] BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. Disponível em: http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/
[2] PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.
ISBN: 978-65-5869-285-0 [Impresso]978-65-5869-286-7 [Digital]
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Organizadores:
Alita Carvalho Miranda Paraguassú Silmara Barbosa Alencar
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN | 978-65-5869-285-0 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-286-7 |
Número de páginas | 116 |
Organização | Alita Carvalho Miranda Paraguassú, Silmara Barbosa Alencar |
Formato |