A institucionalização do curso de francês da UFPR: história/memória e designações

Autoria: José Carlos Moreira

José Carlos Moreira entrega a nós, leitores, um arquivo que excede a necessidade do armazenamento e da catalogação, porque se trata de compilação tecida a partir de um gesto de leitura. A materialidade desse arquivo são os documentos a partir dos quais, investido do olhar da História das Ideias Linguísticas (HIL) de base materialista (AD), o autor tece a narrativa sobre a constituição, a institucionalização do Curso de Francês e a disciplinarização da língua francesa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ao longo de mais de 80 anos, no escopo de uma instituição que completa 112 anos em 2024. Como se deu o processo de institucionalização do curso? Que mudanças marcaram o trajeto que se estendeu de 1938 a 2020? Como os diferentes modos de nomear/designar o curso produziram e produzem sentidos sobre este? Eis algumas das indagações que serviram de bússola à entrada do autor nos arquivos digitais e físicos, especialmente os da Biblioteca Central da UFPR, do Arquivo Público do Paraná, da Biblioteca Pública do Paraná, da Biblioteca Nacional (RJ). Como situar-se ante uma imensidão de documentos e de possibilidades, paradoxal e inevitavelmente um excesso dotado de lacunas? Os modos de entrada, leitura e seleção no arquivo, de parte do autor, já constituem, em si mesmo, processo de constituição do arquivo, nunca a partir de uma suposta e impossível totalidade. Coerente com a perspectiva discursiva, que orienta os movimentos de leitura e análise, José Carlos segue um percurso que leva em conta tanto ausências quanto presenças; um percurso que não acolhe como obviedade tudo o que se apresenta ante seu olhar. Trajeto que toma como condição de existência a historicidade que sustenta a emergência dos fatos e sua respectiva documentação. Não como uma exterioridade que se limita a referir acontecimentos e datações, mas como materialidade histórica que afeta profundamente a regulação, produção e circulação de conhecimentos, a exemplo da Era Vargas e da Ditadura Civil-Militar brasileiras. Desse modo, mais que um trabalho de recolha, a pesquisa ora disponibilizada é um trabalho de leitura da memória, no sentido que lhe dá Michel Pêcheux, da memória como acontecimento a ser lido. O trabalho de recolha, contudo, não resta subutilizado. Para além da densa reflexão teórica, a pesquisa de José Carlos Moreira presenteia os estudos da HIL e da AD com robusto arquivo sobre a historicidade do Curso de Francês/da Língua Francesa da UFPR, oportunizando novos gestos de leitura.

 

Gesualda de Lourdes dos Santos Rasia

Professora da graduação e pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná

Ano de lançamento

2024

Formato

ISBN

978-65-265-1304-0

ISBN [e-book]

978-65-265-1305-7

Número de páginas

401