O presente livro, publicado com financiamento da Capes e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, analisa, a partir de São Paulo, processos decisivos para a construção do campo assistencial brasileiro. As pesquisas aqui publicadas combinam análise documental, conduzida junto a consultas a acervos brasileiros e estrangeiros, com discussões teóricas que permitem angular o tema da assistência à luz do desenvolvimento socioeconômico do interior. Em outras palavras, se o estudo do desenvolvimento de instituições de assistência conta com diversos estudos para as grandes capitais, a menor quantidade de pesquisas a respeito do interior ganha, agora, uma significativa contribuição.
As pesquisas demonstram as conexões entre instituições de assistência e desenvolvimento da vida urbana, em um processo que, no caso paulista, foi muito marcado pela expansão da economia cafeeira (sobretudo após 1850) e pela integração regional ao capitalismo industrial até os anos 1950. O processo indica que a emergência de problemas sociais, diante do crescimento populacional e urbano do interior, exigiu respostas institucionais elaboradas pelo poder público e por agentes privados a fim de oferecer alguma pacificação a questões sociais e anunciar os primeiros traços de políticas de bem-estar que serviram de anteparo às desigualdades, na medida em que também indicaram dispositivos de poder e mecanismos de governo da população. Apresentando temas que ressoam até as políticas sociais dos anos 1990 e 2000 e os desafios redistributivos do pós-pandemia, o livro discute como as assimetrias socioeconômicas e culturais decorrentes do colonialismo e de uma sociedade de classes definiram impasses e contradições que formaram o país.
