Cotidiano e currículo na educação básica: produtos educacionais e processos formativos

Organização: Maria Beatriz Dias da Silva Maia Porto, Maria Cristina Ferreira dos Santos

DOI: 10.51795/9786558691129

PRIMEIRO PREFÁCIO

Se apenas leres os livros que toda a gente lê, apenas podes pensar o mesmo que os outros estão a pensar. Haruki Murakami

Quando as organizadoras me convidaram para escrever o prefácio deste livro, fiquei refletindo sobre o que mais elas gostariam de ouvir/ler vindo de mim. Afinal, somos colegas de profissão com relativa proximidade, ainda que de instituições de ensino e programas de pós-graduação distintos. Se o Mundo é uma aldeia global, o que dizer do nosso Rio de Janeiro. Debrucei-me sobre o livro encaminhado, sobre os textos escritos e cuidadosamente ordenados, li a apresentação e ainda assim, fugiam-me as palavras.

O tema me é caro – “Produtos Educacionais e Processos Formativos”, título do segundo volume da coleção “Cotidiano e Currículo na Educação Básica”. O livro extrapola a discussão sobre a materialidade do produto/processo educacional em si, compartilhando com os leitores as ideias e incômodos que motivaram a elaboração de cada um deles. E foi daí que a semente foi plantada.

Por coincidência (ou não), terminei a leitura do volume 2 do livro “O Assassinato do Comendador”, autorado por Haruki Murakami, no qual um dos personagens do livro é a IDEIA. Ideia não tem forma, sexo, gênero, cor, raça, tamanho, nada! Ela aparece para quem está preparado para recebê-la, da forma como compreendê-la melhor.

Nossa! O que isto tem a ver com o prefácio do livro em questão? Tudo e nada. Tudo. Se considerarmos que um bom professor precisa de algo a mais. Algo além de “só saber” o conteúdo da sua matéria. Não é de hoje que defendo tal ideia. Um professor precisa de cultura, de vivência, de tempo de reflexão. Professores não se fazem aos borbotões. Repetidores e papagaios, talvez. Professores, ah esses não… Eles têm essência, estofo, jogo de cintura, características que só aqueles que vivem o chão da escola possuem. Estamos percebendo isso agora, em nosso cotidiano pandêmico. E nada, se julgarmos que só podemos falar de “coisas técnicas” e todo o nosso entorno cultural não puder conversar com o meu/nosso fazer profissional.

Diante do exposto, afirmo com tranquilidade que os autores da coletânea em questão tinham o que falar. Tinham sobre o que falar. E 6 mais, possuem conhecimento de causa, competência e vivência sobre os múltiplos cotidianos e situações que implicam no currículo escolar assunto sobre o qual escolheram falar. Aos autores só posso agradecer, pois vocês me inspiraram com novas ideias e novos fazeres. Me relembraram que o mais importante durante todo o processo formativo são vocês, que se tornam “produtos educacionais” de qualidade ímpar.

E as múltiplas vozes e experiências só puderem ser compartilhadas, em face de generosidade de pesquisadoras como Beatriz e Cristina, que tomam pra si o papel e a responsabilidade de criarem um espaço de interlocução sob o formato de uma coletânea.

Durante o 6º Colóquio do PROPEC/IFRJ – o qual versava sobre “Qualis Livros e experiências de publicação” – fomos instigados a refletir sobre o papel de uma coletânea de textos, discutimos se ela “vale o tanto quanto pesa”. Trago aqui em palavras, minha defesa feita aquele instante. Sim. Vale! Por ser um espaço mais democrático, mais inclusivo, que possibilita que professores e pesquisadores possam compartilhar seus achados. Que congrega tanto os jovens, quanto os experientes autores. Que permite o diálogo e a troca de saberes, o compartilhamento de ideias e experiências, buscando sempre a cordialidade e as boas práticas.

E foi esse o teor que encontrei no livro que agora prefacio e que espero ter alcançado com minhas palavras, as ideias que as organizadoras tinham sobre o meu dizer.

A todos e a todas que até aqui chegaram, continuem. Já que a parte boa está de fato por vir.

Boa leitura!

Giselle Rôças
PROPEC/IFRJ Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 2020

Ano de lançamento

2020

ISBN

978-65-5869-123-5

ISBN [e-book]

978-65-5869-112-9

Número de páginas

269

Organização

Maria Beatriz Dias da Silva Maia Porto, Maria Cristina Ferreira dos Santos

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