Educação e Linguagens em interação: saberes, práticas e sentidos. Vol. 1

INTRODUÇÃO

DA INVENTIVIDADE DA LINGUAGEM E DO REALISMO DAS LETRAS

Éderson Luís SILVEIRA
Wilder Kléber Fernandes de SANTANA

Esta obra, intitulada Educação e Linguagens em interação: saberes, práticas e sentidos, busca mobilizar uma inventividade que coloca a linguagem no centro dos estudos educacionais. Mas, antes que se pense que estamos “puxando a sardinha” para o campo dos estudos linguísticos, é preciso assinalar que não é disso que se trata.

Isso porque pensar a linguagem no campo da inventividade é tomá-la enquanto ferramenta, que pode suscitar outras discussões e reterritorializações em diversos campos de estudo. É o que autoras e autores desta obra buscaram percorrer. E se a introdução é um précurso, um fragmento que assinala um percurso antes que ele ocorra, estamos nos caminhos de Heráclito, para quem nunca se banha duas vezes num mesmo rio.

Movidos por essa perspectiva, a linguagem é um modo de nos referirmos e objetivarmos as coisas e, também, uma ferramenta que nos ajuda a fabricar outras e deslocar aquilo que já tínhamos por familiar. A educação, nesse âmbito, é familiar e estranha a nós mesmos, porque estamos nela, (con) vivemos com ela e nos referimos a ela constantemente, por meio de nossas (escre) vivências.

Assim, a obra que tens ao alcance, leitor (a), é fruto do trabalho árduo de pesquisadores que vivenciam a educação e a mobilizam por meio do uso da linguagem, referindo-se a ela, modificando-a, deslocando sentidos e desterritorializando práticas. Falar de educação é estar em terrenos incertos e familiares, tal qual o que Freud chamou de estranho familiar (Unheimliche), que nos causa uma inquietante estranheza, porque quando achamos que “sabemos”, algo se transforma, do já-conhecido surge a surpresa e somos arrebatados para um mundo onde as coisas não são o que parecem.

Veja bem, não estamos falando de um lugar onde as coisas estão sempre acabando de nascer, mas de formas de descontinuar narrativas, impressões e formas de ver. Se, como um dia proferiu Proust, a verdadeira viagem consiste em ter novos olhos, que os capítulos a seguir possam nos trazer o encontro com o outro, com vivências alheias e nos auxiliem, ao invés de buscar novas paragens, a ter novas visadas sobre objetos (nem sempre) já conhecidos. É isso que almejamos! Por isso, esta obra não visa ser um livro que se encerre no ato de findar a leitura, mas que outros livros e outros textos sejam suscitados. Consequentemente, não se almeja o final da leitura, mas o ato de instigar para que haja leitores (as) como aqueles (as) que Mário Quintana disse serem seus (suas) favoritos (as): que continuam a viagem por conta própria!

 

Ano de lançamento

2022

Número de páginas

406

ISBN [e-book]

978-65-5869-760-2

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