Educação infantil na baixada fluminense: políticas, práticas e formação de professores
Organização: Anelise Nascimento, Eliane Fazolo, Jonas Alves da Silva Junior
DOI: 10.51795/9786558693246
APRESENTAÇÃO
O livro que chega às mãos dos leitores é resultado de um processo de formação continuada de professores da primeira etapa da educação básica: a educação infantil. São quatorze artigos que têm em comum o exercício da prática e da pesquisa em escolas públicas, como veremos a seguir.
Trata-se de obra que se propõe mapear, analisar, socializar aspectos do contexto da Educação Infantil na Baixada Fluminense a partir do olhar de professoras, professores e profissionais que atuam nas suas redes. A relevância do material ora apresentado se dá tanto no seu aspecto teórico-metodológico, quanto no diálogo que trava com os atores das redes, aprofundando criticamente cenários de atuação. Há pesquisas qualitativas, relatos de experiência, revisão de literatura, interações encontradas/gravadas entre professores e crianças constituindo uma diversidade de propostas que dão ao seu conteúdo um panorama rico e diverso das várias formas de atuação de professores e professoras, temas variados e um importante destaque para o papel da educação infantil na sociedade atual.
A educação infantil, como as demais etapas da educação básica, mostra qualidade bastante aquém da adequada, conforme atestam diferentes estudos e pesquisas na área e mesmo os documentos oficiais do Ministério da Educação. Entre os fatores responsáveis por essa situação, encontram-se a formação insuficiente dos profissionais que atuam na área, seja por falta de habilitação prévia, seja porque essa habilitação não comporta as especificidades da educação das crianças na faixa de zero a cinco anos.
Tais especificidades estão explicitadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), instituídas pela Resolução CNE/CEB nº 5, de dezembro de 2009. As DCNEI são uma das principais referências dos artigos dessa coletânea. O que faz desse livro uma resposta às atuais políticas 12 para a educação das crianças brasileiras. No livro estão reafirmadas as concepções de infância (sujeitos da cultura e linguagem) e de educação infantil (cujo objetivo são as interações e brincadeiras) presentes nas DCNEI. Para defender essas concepções foi necessário que os autores, também professores, desnaturalizassem o familiar, olhassem para as práticas como meio de encontrar respostas para as inquietações que nessa obra se mostram como sendo desse grupo de professores/investigadores, mas que são de muitos docentes pelo Brasil a fora. A diversidade dos contextos observados, tomados como cenários de reflexão e crítica, que orienta os temas abordados nos artigos. O material está organizado em três eixos.
O primeiro eixo, “Escola de educação infantil” apresenta artigo que trazem o espaço da instituição como lócus das experiências e vivências com as crianças. Os textos discutem práticas e fundamentos da educação infantil, com ênfase ao papel e função do espaço físico, não como elemento passivo no processo educativo, mas que deve estar integrado à proposta pedagógica e às ações do professor na organização dos ambientes internos e externos. Nesse sentido, a dimensão estrutural das condições desses espaços tem relevância, uma vez que a maneira como está organizado materializa concepções, propostas e apostas das instituições. O objetivo foi reunir os trabalhos cujos atravessamentos das “práticas escolarizadas”, presentes em turmas de educação infantil, revelam incoerência com as orientações preconizadas com documentos oficiais como as DCNEI.
O segundo eixo traz discussões relativas às “Políticas para Educação Infantil”. Do entendimento do Estatuto da Criança e do Adolescente como uma conquista e reconhecimento da criança como sujeito de direitos, passando por pesquisas que busquem conhecer as propostas de inclusão das crianças de quatro anos na educação básica dos municípios da Baixada Fluminense, o eixo culmina com a percepção de como a educação infantil, ao longo dos anos, vem ganhando reconhecimento no país por meio das lutas dos movimentos sociais e das legislações que corroboraram para 13 garantia dos direitos das crianças. Os artigos refletem sobre a prática do profissional, as legislações pertinentes à essa etapa da educação básica e, por fim, e não menos importante, buscam contribuir para caminhos possíveis para a consolidação desses profissionais no campo da infância.
O terceiro e último eixo, “Linguagens e práticas na Educação Infantil”, reúne artigos que se utilizam de diferentes temas para discutir o papel da linguagem nas práticas cotidianas, no desenvolvimento oral e social das crianças. Os textos passam pelas redes sociais como ferramenta de interação das famílias com o ambiente das creches, pelas preferências musicais das crianças, entendendo a música como parte importante da proposta curricular e expressão da arte, dando atenção às formas de negociar as demandas musicais atravessadas pelo consumo e pela publicidade. Também discutem o papel da literatura buscando perceber o desafio da escola em formar leitores que não somente decodifiquem os signos, mas que se tornem leitores plurais, críticos, reflexivos atuantes na sociedade em que vivem incluindo, aqui, as difíceis, mas necessárias discussões relativas à educação étnico racial.
Na perspectiva de seus conteúdos, o conjunto se apresenta atual e diversificado, despertando interesse pelo espectro de assuntos, temas e métodos que contempla. Desde pesquisas de campo em quase todos os artigos, com metodologias etnográficas, até assuntos segmentados por “disciplinas” na área da educação infantil, como música, literatura e educação física, até considerações filosóficas tangendo teorias do conhecimento – tudo isso subsidia reflexões e ações para políticas educacionais, sobretudo nas periferias sociais e no espaço público. O viés político que atravessa os artigos prospera a partir de uma preocupação generalizada da parte de seus/suas autores/as em problematizar avanços universalizantes em relação às políticas para educação infantil em face de constrangimentos claramente decorrentes da luta de classes e do processo de democratização do país a partir da Constituição de 1988.
Para além desses aspectos postos nas políticas públicas para a infância, é importante ressaltar que a formação de professores na 14 graduação, no âmbito dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, tem, no bojo desses temas aqui apresentados, farto e rico material de discussão e reflexão possibilitando a articulação indissociável da teoria e da prática. Poder utilizar no espaço da sala de aula dos cursos de graduação as questões e temas que compõem este livro enriquece o trabalho do docente e a formação do aluno/professor, aumentando o repertório cultural e acadêmico tão importante para uma formação crítica, múltipla e de qualidade.
Esperamos que este livro contribua para essa formação e para o fortalecimento do diálogo universidade-sociedade. Anelise Nascimento Eliane Fazolo Jonas Alves da Silva Junior
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN | 978-65-5869-323-9 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-324-6 |
Número de páginas | 295 |
Organização | Anelise Nascimento, Eliane Fazolo, Jonas Alves da Silva Junior |
Formato |