Ensaios filosófico-educacionais: teoria crítica e educação. Vol 1

Bruno Pucci

DOI: 10.51795/9786558693758

INTRODUÇÃO

Esta é a primeira coletânea de ensaios filosófico-educacionais escritos, individualmente e/ou em parceria, que, em tempos de aposentadoria, de pandemia e de reavaliação de minha vida profissional, resolvi republicá-los, em forma de ebook gratuito. A iniciativa gratificante de elaborar as coletâneas Ensaios Estéticofilosóficos: Teoria Crítica e Educação, Vol. 1 e 2, me levaram a fazer o mesmo com os ensaios filosófico-educacionais, que são mais numerosos e representativos de minha experiência como docente, pesquisador e orientador de graduandos, mestrandos e doutorandos, nos Programas de Pós-Graduação em Educação da UFSCar e da UNIMEP.

São 19 textos acadêmico-científicos, a maioria deles em forma de ensaios, quase todos eles – com exceção do XIX. “O Processo de proletarização dos trabalhadores em Educação”, de 1991 – em diálogo com as reflexões filosófico-educacionais dos pensadores da Teoria Crítica da Sociedade, particularmente Theodor Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin.

Dezoito dos textos aqui apresentados foram publicados como artigos de revistas cientificas e/ou como capítulos de livros; apenas um deles, o VII. “A Dialética do Esclarecimento em tempos de neoliberalismo”, escrito em 2020, é inédito. Nessa perspectiva, em cada ensaio apresentado, destaco, em nota de rodapé, a Revista Científica e/ou o Livro, nos quais o referido texto foi publicado.

Treze dos dezenoves textos foram escritos apenas por mim e divulgados em meu nome; os outros seis tiveram a participação de parceiros doutores vinculados a Programas de Pós-Graduação. Nomeio-os:

1). “Adorno, Horkheimer e Giroux: a ideologia enquanto instrumento pedagógico critico”, publicado em 1995, em parceria com Antônio Zuin, da UFSCar;

2). “As novas tecnologias e a intensificação do trabalho docente na universidade”, publicado em 2010, em parceria com Josianne Francia Cerasoli, na ocasião, docente da Universidade Federal de Uberlândia;

3). “A Pós-Graduação a Distância virtual na formação de docentes da educação básica: questões”, publicado em 2013, em parceria com Luiz Roberto Gomes, da UFSCar;

4). “O que move o movimento escola sem partido?”, publicado em 2017, em parceria com Cesar Augusto Rodrigues, doutorando em Educação da UNIMEP e Anna Maria Padilha, docente do PPGE/UNIMEP;

5). “O Processo de proletarização dos trabalhadores em Educação”, publicado em 1991, em parceria com Valdemar Sguissardi (UFSCar) e Newton Ramos de Oliveira (UNESPAraraquara);

6). “A Trajetória Profissional e Intelectual no Campo da Política e Gestão Educacional: Diálogo com Cleiton de Oliveira”, publicado em 2015, com a participação dos entrevistadores: Maria Nazaré da Cruz, Cesar Romero Amaral Vieira e Bruno Pucci, docentes do PPGE/UNIMEP.

Como os leitores poderão observar, os ensaios da Coletânea, abordam temáticas específicas, debatidas e apresentadas em momentos históricos e pessoais diferentes, mas elaborados de forma crítica e construtiva, sempre na perspectiva de uma possibilidade emancipatória.

Iniciamos a coletânea como o ensaio “A Personalidade Autoritária no Brasil em tempos de neoliberalismo e de Coronavírus”, publicado em 2020, em que destacamos 4 perspectivas que se complementam, simultaneamente: 1). A publicação do livro Estudos sobre a personalidade autoritária, de Theodor Adorno, pela Editora da UNESP, em 2019; 2). Tempos de articulação intensa entre o autoritarismo e a ideologia 11 neoliberal, que invadiu todas as dimensões da vida humana; 3). O surgimento e o desenvolvimento da Convid-19 em um país desgovernado, que minimizou o vírus e desprezou a ciência; 4). As manifestações e expressões vivas dos componentes ideológicos da Escala F – letra inicial do Fascismo – nas atitudes e deliberações do atual mandatário de nosso país.

Os três ensaios seguintes se aproximam enquanto temática e também enquanto momento histórico (2005 a 2008): O primeiro diz respeito à exposição apresentada por Adorno por ocasião de sua posse como docente da Universidade de Frankfurt, em 1931; o jovem professor (28 anos), em diálogo com Benjamin e Kracauer, traça um roteiro para a intervenção da filosofia contemporânea, em que se destacam novas perspectivas do agir criticamente: a busca de detalhes, de fragmentos, em contraposição à dimensão da totalidade; a filosofia enquanto interpretação e construtora de chaves interpretativas; a filosofia enquanto ars inveniendi – arte de descobrir, de inventar, de criar. O ensaio seguinte, escrito em forma de fragmentos, levanta e analisa eixos constitutivos da teoria crítica da sociedade, sua vinculação estreita à educação, com destaque para a análise da problemática da formação dos educadores. O V ensaio se dedica, de forma intensa e atenciosa, a um momento especial na vida dos futuros mestres e investigadores educacionais: a experiência da iniciação científica. E vai buscar apoio histórico-científico em Dante Alighieri, Galileu Galilei, Francis Bacon, Immanuel Kant, Antônio Gramsci, Bertolt Brecht, Max Horkheimer e Theodor Adorno.

O ensaio VI se desenvolve como um diálogo entre Adorno e Horkheimer, dos Temas Básicos de Sociologia (1973), e Henry Giroux, da Pedagogia Radical (1983), sobre o conceito de ideologia, em que essa categoria dialética assume uma dimensão pedagógico-crítica. O ensaio é parte do livro A Pedagogia Radical de Henry Giroux: uma crítica imanente, escrito em parceria com Antônio Zuin e publicado em 1999, pela Editora da UNIMEP.

“A Dialética do Esclarecimento em tempos de neoliberalismo”, de 2020 – ensaio VII –, à semelhança do ensaio sobre a Personalidade autoritária, caracteriza uma forma adotada por mim,nos últimos dez anos, de analisar textos de Adorno dos anos 1940-1970, tentando entendê-los seja no momento histórico em que foram elaborados, como também nos dias de hoje, em que o neoliberalismo, no uso do saber e do poder, se transformou na ideologia hegemônica. E a ideia-chave que o ensaio “Conceito de Esclarecimento”, do referido livro nos mostra, de forma ainda mais radical, é que Bacon tinha razão: ele nos faz ver que a essência do saber é a técnica, que não está preocupada com preceitos ético-políticos e sim com o trabalho e a submissão do outro – indivíduos, grupos, nações – a serviço dos interesses do capital.

O ensaio VIII – “A Dialética negativa enquanto metodologia de pesquisa em educação: atualidades” é uma tentativa de compreender como a negatividade adorniana, mais radical do que a negatividade de Hegel e mesmo de Marx, expressa-se de forma ampla e sistematizada em seu livro Dialética Negativa, de 1968, mas já se manifestava de forma contínua e metodológica em seus primeiros escritos, tanto crítico-musicais como filosóficos. Na Dialética do Esclarecimento, por exemplo, escrita a quatro mãos com Horkheimer, a oração paradigmática do ensaio “Conceito de Esclarecimento” expressa de forma clara e evidente a dialética negativa do frankfurtiano:

No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 17)

Neste ensaio, sob as luzes da dialética negativa, elaboramos uma análise interpretativa do texto educacional de Adorno, “Teoria da Semiformação”, destacando duas categorias chave da Dialética Negativa: o duplo caráter do conceito; e a ideia de constelação.

[…]

Piracicaba, junho de 2021.
Bruno Pucci

Ano de lançamento

2021

Autoria

Bruno Pucci

ISBN [e-book]

978-65-5869-375-8

Número de páginas

414

Formato