
Nos trilhos da memória: o ramal ferroviário de Tuiuti
Autoria: Ricardo Souza
O mundo mudou, com a indústria. Até meados do século XIX, as comunicações eram lentas e a vida era regrada pela luz do dia e pela parcimônia. As pessoas e as mercadorias moviam-se em tropas de burros, por estradas precárias. As notícias e cartas seguiam o mesmo ritmo pachorrento. A população vivia, em sua grande maioria, no campo e mesmo nas vilas as noites eram iluminadas pela Lua e por velas, tochas ou outros meios caros e raros. A revolução industrial viria a mudar esse modo de vida para sempre. O vapor levou à difusão das estradas de ferro e suas locomotivas e vagões, ao que se seguiram o telégrafo e, depois, a energia elétrica. Esse novo mundo chegava aos poucos e esse é tema deste encantador livro do historiador mineiro Ricardo Luiz de Souza. O Sul de Minas Gerais foi uma área de assentamento, desde o século XVIII, ligada tanto às regiões mineradoras, quanto ao Rio de Janeiro e São Paulo. O Rio levava ao mar e ao mundo e São Paulo era a base tropeira que ligava o norte e o sul do Brasil, via Minas. O Sul de Minas foi revolucionado pela estrada de ferro e Ricardo Luiz de Souza leva-nos a seguir uma aventura histórica e humana impressionante, com histórias pouco conhecidas, mas tão relevantes e envolventes. A rapidez e a modernidade foram impulsionadas pela expansão das estradas de ferro, cuja construção foi um grande desafio tecnológico e humano. No campo e nas cidades, as ferrovias trouxeram novos hábitos, como a atenção à hora do relógio e à pontualidade, vital para a vida em torno aos trens. Essa época de ouro começou a ser questionada a partir da expansão das estradas de rodagem, em particular na década de 1960, o que levou à gradativa desativação dos ramais férreos, taxados de deficitários. Trilhos foram retirados e as estações passaram a servir para a administração, mas também para a cultura patrimonial. Como Ricardo Luiz de Souza nos conduz nessa história? Primeiro, perscruta as fontes escritas, iconográficas e mapas. Em seguida, mestre na História Oral, apresenta testemunhos dessa impressionante experiência das pessoas com as ferrovias. Não deixa de mencionar a cultura material, os instrumentos de trabalho, as edificações, o acervo ferroviário. Os protagonistas são as pessoas anônimas e comuns, ao demonstrar como regional, nacional e mundial estão em estreita relação. Ao final da leitura, saímos satisfeitos e inspirados a continuar a explorar a riqueza cultural inesgotável dos trens de Minas!
Pedro Paulo A. Funari
Unicamp
| Ano de lançamento | 2025 |
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| Formato | |
| ISBN | 978-65-265-2062-8 |
| ISBN [e-book] | 978-65-265-2063-5 |
| Número de páginas | 180 |




