Pela perfectibilidade da raça: a infância no Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia (1929)

De autoria de Victoria Guilherme Guedes de Moura, o livro Pela Perfectibilidade da Raça: a infância no Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia (1929), é um convite à boa leitura e ao “brio do texto” do qual nos menciona Roland Barthes. O livro é resultado da dissertação de mestrado da autora no PPGEdu da UERJ/FFP cuja publicação foi possibilitada pela conquista do Prêmio Jacqueline Morais do II Concurso da Melhor Dissertação (defendida entre 2021-2023 no Programa). O livro adota uma escrita da história da educação que traz à tona uma problematização oportuna e necessária sobre os projetos republicanos de ciência e de educação em curso na sociedade brasileira, na década de 1920. A autora evidencia duas matrizes do pensamento social em disputa no Congresso de Eugenia. A primeira, visceralmente comprometida com a aplicabilidade das teorias racistas do século XIX da imprestabilidade da raça causada pela miscigenação e do branqueamento via imigração europeia; a segunda, identificada com a perspectiva de recuperação do homem nacional através da educação e da saúde pública. Em meio às disputas destas matrizes, as infâncias empobrecidas é o foco central de sua pesquisa. Captando os equilíbrios nos desequilíbrios na hegemonia institucional da época, Victoria apura a atuação dos intelectuais imersos entre conjunturas e estruturas de poder e suas redes de sociabilidades para (re) pensar as antinomias das menoridades naquele contexto histórico. Incorporando em sua análise, os nexos, as conexões e os jogos de oposições nas contradições existentes no processo histórico que validaram as relações colonialistas de poder na produção dos modelos deterministas científico-raciais, a exemplo do darwinismo social. Portanto, a intensidade do debate médico-científico no Congresso de Eugenia e a reverberação de suas inflexões doutrinárias ajudaram a deslocar os paradigmas científicos em voga para a certificação de que os problemas de atraso nacional se assentavam nas condições de precariedade de vida da população “comida pela doença” e pelo analfabetismo. Por fim, autora soube lançar seu olhar articulador de heterodoxia com as fontes de pesquisa com as quais lidou, pondo de contra parede da história o colonialismo e suas diferentes formas de dominação cultural e ideológica narcísicas. Este livro desafia o leitor a interrogar o que podemos chamar de sistema de segurança de identidade singular que durante mais de três séculos expulsou as diferenças para arregimentar a ideia de unidade sem diversidade, alimentando de forma hostil e bolorenta da modernização conservadora brasileira.

Professor Doutor Jorge Antonio Rangel (Fidel)

UERJ/FFP

Ano de lançamento

2024

Formato

ISBN

978-65-265-1098-8

ISBN [e-book]

978-65-265-1099-5

Número de páginas

277