Pesquisas com imagens: diálogos entre educação e arte
Organização: Ana Valéria de Figueiredo, Aristóteles Berino
INTRODUÇÃO
O livro que aqui se apresenta é composto de dez textos elaborados por docentes e discentes dos cursos de graduação em Pedagogia do Instituto Multidisciplinar (IM/Nova Iguaçu) da UFRRJ, em Belas Artes da UFRRJ, em Artes da UERJ, da pósgraduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares da UFRRJ (PPGEduc), em Educação da UERJ (ProPEd) e em Artes da UERJ (PPGARTES). Os escritos estabelecem diálogos em Educação e Arte, buscando pontos de contato que fortalecem visões e concepções de uma educação inclusiva e inter/multicultural que têm a imagem e os debates sobre ela como referencial.
Frutos de pesquisas e quase todos escritos em parceria, os autores e autoras mobilizam seus conhecimentos em propostas de reflexão que levam ao leitor questões que pretendem suscitar reflexões sobre cultura visual e suas visualidades, ensino e práticas de arte contemporâneas, tais quais memes, rap, grafite, arte indígena, performances e processos artístico-poéticos, o ensinar e o aprender nos espaços formais e informais de arte, bem como os deslocamentos entre arte, cultura e educação.
Em “Visualidades, currículo e cotidianos escolares”, de Aldo Victorio Filho e Rodrigo Torres Nascimento, o cotidiano escolar é o campo de pesquisa que resulta o texto; aula de arte seu território específico. O conceito de currículos praticados é o ponto de partida para a compreensão de que o currículo não se detém no prescritivo da norma, mas é tecido, sobretudo, em práticas que se dão a contrapelo do estabelecido. Os jovens estudantes são aqui colaboradores com as imagens que produzem, portadoras de imaginações que ultrapassam os exemplos das obras de arte dos currículos. No texto, os autores mostram imagens extraídas das aulas de arte. Imagens criadas como uma invenção cotidiana do mundo e que, portanto, guardam uma poética das suas existências e autêntica presença na escola. Realizações que não deveríamos deixar escapar para uma atualização da escola se o que queremos é fortalecer a vida daqueles que a frequentam sempre de modo muito íntegro a respeito dos seus desejos emancipatórios.
No texto seguinte, de Marcélia Amorim Cardoso e Nathália do Nascimento Franco, “‘Minha mãe: O que vc vai aprender fazendo meme para o grupo da escola?’ – Um diálogo entre cultura visual e educação”, as autoras abordam simultaneamente duas questões do nosso tempo: a cultura dos memes e o chamado ensino remoto, uma urgência da pandemia do novo coronavírus. As autoras trabalharam com comentários de estudantes do Ensino Médio do Curso Normal para abordar a questão do letramento que envolve a prática da comunicação com memes enquanto se desenvolve o ensino remoto, chamando atenção para o conteúdo crítico dessa circulação característica de imagens, sua contemporaneidade e pedagogia. Um exemplar de meme é apresentado no artigo, expressivo do estilo mordaz das mensagens que geralmente transportam.
No artigo “Desfronteiramentos entre o rap e educação: Dudu de Morro Agudo e o RapLab”, Aristóteles Berino e Juliana Rodrigues da Silva apresentam um projeto de formação do Instituto Enraizados, o RapLab, criado pelo rapper e ativista social Dudu de Morro Agudo, na cidade de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. O projeto envolve a participação de jovens da localidade de Morro Agudo e, também, de outras cidades da região. No capítulo, o rap é apresentado como um movimento social e o RapLab um método educador para a finalidade cultural e artística do Instituto Enraizados. No contexto das periferias urbanas o rap é uma atividade criadora e emancipatória, por meio do tipo de conexão que estabelece com as juventudes do lugar. Estamos falando de uma juventude que frequentemente é invisibilizada nas grandes redes públicas de educação. O artigo apresenta duas imagens, registros fotográficos feitos para uma monografia de graduação em Pedagogia, documentando a experiência pedagógica do RapLab, dando relevo ao seu caráter educador e cultural, que se dá a partir de uma formação artística, que é também política.
Em “Imagens-cuidado, a hora e a vez de ‘afetar’ e de ser ‘afetado’”, Denise Espírito Santos e Ítala Isis trazem como pano de fundo para o debate que propõe a pergunta de Mitchell, O que é a imagem?, como tema e, ao mesmo tempo, um convite ao leitor para pensar nas múltiplas possibilidades de respostas. Ao longo do texto, as autoras apresentam comentários a duas performances nomeadas de imagens-cuidado, trazendo a América Latina como palco de/para reflexões sobre fatos, tais como o genocídio dos povos originários, o desaparecimento de pessoas, o feminicídio, entre outras questões que demandam atenção e denúncia. As autoras ressaltam que os projetos narrados foram realizados em situações colaborativas, na busca do rompimento da sistematização tradicional das modalidades cênicas, por meio da arte da performance e suas reverberações.
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Ana Valéria de Figueiredo
Aristóteles Berino
Ano de lançamento | 2022 |
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Número de páginas | 199 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-908-8 |
ISBN | 978-65-5869-907-1 |
Organização | Ana Valéria de Figueiredo, Aristóteles Berino |
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