O livro, construído a partir das pesquisas de um coletivo de professores – incluindo aqui os nossos egressos do curso de Educação do Campo, hoje nossos colegas de profissão – traz muito das nossas vivências em parte desse imenso território amazônida, ocupado por muitas ‘gentes’ que carregam consigo histórias de lutas, resistências e muitos sonhos. Talvez, para esse momento, essas sejam as palavras que possam expressar a relação dessas ‘gentes’ conosco e, principalmente, com a escola do campo, porque ela ocupa lugar central na comunidade e que, por vezes, é a única presença do Estado brasileiro em muitas delas. Além disso, de forma recorrente e permanente, muitas dessas escolas têm sido aliadas na luta pela terra e, consequentemente, pela permanência no lugar frente a um cenário de constantes ameaças de diferentes frentes e interesses. Trazer essas vivências e as experiências do movimento que esse coletivo de professores mobiliza no chão da escola do campo (não apenas daquelas mais estruturadas, com oferta de toda a educação básica, como também daquela escolinha que fica no “fundo do travessão”, que funciona em formato mutissérie, mas que é local de acolhida, de encontro e de vida) é uma forma de dizer que essas escolas tem vida e que essas ‘gentes’ merecem uma Educação do Campo na sua totalidade como recomenda nossa legislação mas que, historicamente, lhes tem sido negada. Celebrar esses 10 anos de curso por entre os rios, florestas, travessões e vicinais não é uma conquista apenas desse coletivo desses professores ou da instituição, mas das muitas escolas, comunidades, alunos, pais, professores, agricultores, pescadores, camponeses, quilombolas, extrativistas e tantas outras ‘gentes’ onde conseguimos chegar por meio dos Tempo Comunidades (seja por meio dos nossos alunos – quando trazem suas vivências em discussões nas aulas ou nos dados de pesquisas; seja por meio dos professores quando acompanham essa atividade tão importante no processo de formação na própria comunidade de pertença dos alunos). Entendemos também que celebrar esses 10 anos de curso por entre os rios, florestas, travessões e vicinais, só está sendo possível porque essas ‘gentes’ escolhem seguir conosco permitindo construir uma relação de trocas permanentes, do qual muito nos orgulhamos em vivenciá-las e compartilhar com todos. Assim, celebramos esses 10 anos e muitos outros que estão por vir.
