Barcos ao mar: “recordo porque me aconteces”
Autoria: Marisol Barenco de Mello
Ao iniciar a escrita deste memorial, vários problemas teórico-conceituais se colocaram, uma vez que venho estudando e pesquisando, primordialmente, as condições da criação da imagem de ser humano, na arte, na ciência, nos gêneros cotidianos. Essa é, segundo creio, a tarefa central da pesquisa filosófica de Bakhtin, ou seja, criar uma filosofia da vida em bases alteritárias, buscando nas linguagens as condições de escritura dessa filosofia.
Compreendendo que cada pesquisa sobre a obra de um autor é, ela mesma, a construção e criação de um ponto de vista sobre a obra, afirmo a minha própria abordagem dos estudos bakhtinianos, nem mais, nem menos verdadeira que outras, mas singular, ainda que construída coletivamente. Afirmo a centralidade, expressa em vários textos e teses, apontamentos e ensaios de Bakhtin, da problemática da criação de uma imagem de ser humano que mantenha, em sua escritura, as condições de abertura, de criação, de infinitude inacabável e de dialogicidade constitutiva, próprias do ser humano, na visão bakhtiniana. Desde seu ensaio nos anos 1920, Para uma filosofia do ato responsável, passando pela pesquisa das condições da relação entre um autor e um herói – um ser humano objetivado – pelos estudos aprofundados das obras de Dostoiévski, Goethe e Rabelais, bem como naquilo que se configurou o centro de minha própria pesquisa, a saber, as condições metodológicas da abordagem das obras artísticas, considerando as relações entre linguagem, ideologia e interações sociais, Bakhtin e seus companheiros buscaram, incessantemente, problematizar as condições da criação das imagens de ser humano, na vida, na ciência e nas artes.
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Ano de lançamento | 2024 |
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Formato | |
Número de páginas | 186 |