Educação inclusiva: perspectivas e práticas pedagógicas

Organização: Hedlamar Fernandes, Hiran Pinel, Michell Pedruzzi Mendes Araújo

PREFÁCIO

Ao receber o convite para prefaciar esse livro intitulado “Educação inclusiva: perspectivas e práticas pedagógicas” organizado pelos pesquisadores-professores Michell Pedruzzi Mendes Araújo, Hedlamar Fernandes e Hiran Pinel, registro a relevância social e científica, traduzida na extrema importância que os autores desta obra fazem da defesa da diferença humana e da educação das pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Essa defesa em si, mesmo em momentos difíceis, não é impossível. É, ao mesmo tempo, um ato de sonhar, resistir e anunciar.

Sonhar que se junta a lutar e conquistar. Essas palavras, nessa obra, se traduzem na defesa pelo direito à educação. Em outras palavras, à inclusão de TODOS e TODAS alunos e alunas na escola, independentemente de suas condições físicas, sensoriais, intelectuais, ou seja, das suas condições orgânicas.

Ainda hoje, com os riscos de retrocesso que se avizinham à educação especial, precisamos REAFIRMAR tal princípio com todas as FORÇAS. Precisamos vencer essa batalha real e discursiva!!! O livro mostra, no entanto, com seus casos analisados, que o ACESSO não basta para a PERMANÊNCIA!!! É preciso garantir o direito à aprendizagem por meio de PRÁTICAS INCLUSIVAS.

A questão é que todas as crianças devem ser educadas utilizando, para isso, os “caminhos indiretos”. Esse pressuposto vem de encontro com o que encontramos na sociedade, no qual hierarquiza, desde a educação infantil até o ensino superior, as pessoas em função da capacidade ou incapacidade materializadas em discriminação e preconceito, o capacitismo. Temas sobre os quais versam muitos dos relatos, a exemplo dos apelidos, da infantilização, agressões verbais e físicas.

São corpos desviantes do que estava “planejado” para estar ali. Por isso, Medicalização!!!!. Produzem deficiências!!! Querem corpos dóceis. O social vence o biológico. É preciso dizer em alto e bom som: OUTRAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SÃO POSSÍVEIS!!!! No livro emergem algumas possibilidades, dicas, pistas.

Necessitamos mudar as estruturas para que esses alunos realmente aprendam, sejam empoderados, tenham autoria e construam suas identidades. Esses são desafios que nos fazem refletir sobre a necessidade de (re)fazer uma outra educação especial, que não seja mais especial. Simples: EDUCAÇÃO!!! Educação das pessoas com deficiência, educação para os direitos humanos, por exemplo. Há vida além da educação especial. O livro nos ajuda a pensar novas abordagens, novos temas, novos sujeitos na educação das pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Um primeiro passo para mudança é OUVIR as pessoas com deficiência para além dos discursos, é antes de tudo ser SENSÍVEL e considerar suas subjetividades, suas opiniões, gostos e sentimentos.

Não mais como objetos de estudo, porém como SUJEITOS de sua vida, de sua ação cotidiana, de pesquisa. ABERTURA PARA OUTRO DIFERENTE DE MIM é, em tempos modernos, uma pedagogia revolucionária. Dessa forma, destaco duas asserções: 1) O ALUNO É O NOSSO MELHOR PROFESSOR!!!!; 2) PRECISAMOS TRABALHAR O HUMANO EM PRIMEIRO LUGAR!!!!

Contagiado pela leitura do livro e pela escrita desse prefácio deixo aqui uma mensagem em forma de POESIA sobre o processo de inclusão.

“Contato, contágio, convivência, compartilhar, convergir conhecimento, mudança, plural, contraditório e complexo.
É com e não é para.
Romper, quebrar, inverter, ousar, superar, respeitar, ressignificar, reflexão-ação e rejeitar.
É uma transformação consciente.
Formação, informação, abandonar, desenvolver, expressão e uma nova visão.
Algo que se vive: intenso, contínuo e forte.
Disponibilidade, maturidade, lento, difícil e estranho.
Começa em nós como uma via de mão dupla.
É uma prática social.
De todos, com todos e para todos.
Não é para a vida, mas A PRÓPRIA VIDA!”

Agradeço o convite, que muito me honrou, para prefaciar esse livro, não só na condição de pesquisadores, escritores, mas, como também, de amigos de luta que acreditam em um OUTRO MUNDO POSSÍVEL. Mantenho-me na expectativa de ter contribuído para que os escritos em educação possam, cada vez mais, pautar-se em trabalhos numa perspectiva HUMANIZADORA e EMANCIPADORA dos sujeitos.

Por todo o exposto, pode-se concluir que esta obra é leitura obrigatória aos que se interessam pela educação especial, por uma nova fase da educação especial que garanta o DIREITO À APRENDIZAGEM DENTRO DO DIREITO À EDUCAÇÃO.

Douglas Christian Ferrari de Melo

Doutor em Educação. Professor da Universidade Federal do Espírito (Deps/CE/Ufes) e do Programa de Pós-graduação em Educação modalidade profissional (CE/Ufes).

Primavera de resistências de 2019.

Ano de lançamento

2019

ISBN [e-book]

978-85-7993-815-3

Número de páginas

239

Organização

Hedlamar Fernandes, Hiran Pinel, Michell Pedruzzi Mendes Araújo

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