Educação linguística e(m) (dis)curso: arquivos de saberes linguísticos e pedagógicos
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Imbuídos nos trabalhos de Michel Pêcheux e naquilo que vem sendo reterritorializado no Brasil, a partir das reflexões conduzidas por Eni Orlandi (entre outros pesquisadores), era/é nosso desejo colocar em cena a língua e(m) sua historicidade: é nesse batimento entre história e língua que acreditamos ser possível pensar um outro modo de educação linguística. Não aquele em que se vê a língua tout se tient, mas, sim, um outro que não deixe de levar em consideração as brechas, os equívocos que afetam/atravessam e produzem efeitos na/com a língua em sala de aula. Desse modo, nosso interesse é, pois, contribuir com uma nova perspectiva no que respeita àquilo que vem sendo colocado como educação linguística nos diferentes espaços escolares e acadêmicos de tal modo que seja possível criar condições materiais de existência para uma tomada discursivo-materialista na/da educação linguística ou, como temos proposto, ainda de modo embrionário, uma educação discursiva (COLAÇA, FARIA; COSTA, 2023) ou ainda, como pontua Costa em seu artigo, uma educação linguístico-discursiva, “isto é, que coloque em questão o imbricamento entre língua e discurso” (Cf. COSTA), a partir da constituição do que Indursky (2019) propõe como arquivos pedagógicos.
Este livro nasce do desejo – do desejo de pensar, numa visada discursivo-materialista, outras formas possíveis para o ensino de língua(s) em diferentes espaços: na escola, na universidade, nos cursos de idioma, nos cursinhos populares etc. Este livro nasce de uma falta – uma falta que se impôs a nós, as organizadoras e o organizador, em relação a materiais que, refletindo sobre o processo de educação linguística na sua relação com a práxis pedagógica, propusessem uma intervenção, numa tomada de posição materialista, na gestão das “coisas-a-saber” (PÊCHEUX, 2006 [1983]) e, portanto, a serem transmitidas nesses diversos espaços de ensino de saberes sobre língua(s), mas não só. Este livro nasce também do afeto – o afeto que afeta (FERREIRA, 2020), o “afeto teórico” (ORLANDI, 1998, p. 5), o afeto que extrapola a teoria e passa a afetar, constitutiva e arrebatadoramente, o nosso dia a dia. Que a sua leitura produza efeitos e afetos, que possibilite deslocar sentidos e, relembrando aqui as palavras de João Cabral de Melo Neto (…), que ele, enquanto peça discursiva, se faça enchente, promova uma cheia de possibilidades de significações, constituindo-se em arma afetiva e efetiva no combate à seca que assola muitos dos espaços de ensino
Ano de lançamento | 2023 |
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Formato | |
ISBN | 978-65-265-0764-3 |
ISBN [e-book] | 978-65-265-0765-0 |
Número de páginas | 320 |
Organização | Joyce Palha Colaça, Michel Marques de Faria, Thaís de Araujo da Costa |