Educação na cidade: diálogos e caminhos do GEPECH

Dilza Côco, Priscila de Souza Chisté, Sandra Soares Della Fonte

APRESENTAÇÃO

O evento da globalização e a tendência neoliberal predominante em nossa sociedade provocaram uma aceleração na dinâmica que envolve a formação e a reorganização das cidades na contemporaneidade. Logicamente, esse movimento urbano acentua a desigualdade social em escala global. Nesse contexto, podemos nos questionar: o que é o direito à cidade? Será que se refere somente ao direito de usufruir de espaços e instituições que já existem, que já foram construídos e, portanto, já ocupam a cidade em que vivemos? Harvey[1] (2013) aponta que o direito à cidade diz respeito à liberdade de mudar a cidade.

No entanto, para promover essas possíveis mudanças é preciso entender o espaço urbano e suas contradições por meio de uma escuta e um olhar atento ao seu discurso. Nesse sentido, o Grupo de Estudos e Pesquisas Educação na Cidade e Humanidades (Gepech), por meio de suas publicações, visa divulgar as ações, as metodologias e os projetos que ocorrem no âmbito do grupo de pesquisa. Acreditamos assim gerar conhecimento e reflexão sobre a problemática que envolve a cidade e a educação. Entendemos que a liberdade apontada por David Harvey diz respeito também ao direito ao conhecimento sobre a cidade e a construir uma postura crítica em relação ao espaço urbano. Dessa forma, podemos pensar e lutar por mudanças visando diminuir seus conflitos, suas desigualdades e sua fragmentação.

Sendo assim, a publicação Educação na cidade: diálogos e caminhos do Gepech[2] apresenta um rico panorama sobre as ideias, as reflexões, as bases teóricas e as estratégias metodológicas que embasam o grupo de pesquisa desde a sua criação. Tendo como temática norteadora o diálogo entre educação e cidade, a introdução da obra apresentará a concepção do espaço urbano para o grupo de pesquisa: um espaço geográfico que surge a partir da ação do homem, portanto entendido como produção humana e como local de contradições. Para desvelar essas relações obscuras na dinâmica urbana, o Gepech entende a educação como a esfera social privilegiada para debater esse assunto.

No capítulo I, apresentaremos uma retrospectiva do início do grupo de pesquisa, apontando os objetivos iniciais que nortearam a sua criação: 1) o interesse pelas relações entre cidade e educação; 2) a formação de professores; 3) a sistematização de materiais educativos. Além disso, abordaremos as ideias principais que envolvem a educação na cidade e os aspectos conceituais que nos ajudam a elaborar um olhar atento para as contradições presentes no espaço urbano e nas suas relações sociais que envolvem a comunicação, a informação e as trocas. Nesse processo, o grupo se propõe a investigar os possíveis diálogos entre os diferentes espaços institucionais da cidade, seus aspectos históricos e suas representações.

Em seguida, o leitor encontrará, no capítulo II, as estratégias metodológicas que orientam as ações do Gepech. Apoiados na teoria bakhtiniana e nas ideias de dialogismo do filósofo russo, o grupo organizou suas ações visando o aprofundamento teórico e prático da temática Educação na Cidade. Para tanto, foram definidos quatro eixos principais: 1) os estudos teóricos; 2) as palestras e entrevistas; 3) as visitas mediadas; 4) formação continuada na educação básica. Além da apresentação detalhada de cada um desses tópicos, abordaremos, ainda nesse capítulo, a metodologia utilizada na Oficina de Criação de Percursos de Visita, estratégia utilizada no curso de formação de professores.

Apontadas as ações e as metodologias empregadas, no capítulo III, trataremos da sistematização coletiva dos projetos de pesquisa. Nesse texto, apontaremos com quais bases teóricas o grupo dialoga ao buscar um percurso metodológico para o desenvolvimento de suas pesquisas. Com esse objetivo, explanaremos sobre as partes fundamentais da pesquisa acadêmica em diálogo com a base teórica do Gepech: o Materialismo Histórico-Dialético.

No capítulo IV, abordaremos um tema fundamental na dinâmica do Gepech: a elaboração e a validação de materiais educativos. Esse item passou a ser exigido no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas no âmbito do Mestrado Profissional. Por esse motivo, o grupo elaborou uma metodologia de validação desses materiais. Seu percurso de criação e posterior avaliação, em diálogo com os professores do ensino básico, será explicitado nesse capítulo. Apresentaremos ainda um panorama geral de dados sobre os materiais educativos desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH) nos permitindo assim, apresentar uma análise sobre as áreas temáticas que dominam o interesse dos pesquisadores e os assuntos que merecem um maior aprofundamento pelo grupo de pesquisa.

Além de todas essas ações apresentadas, o Gepech desenvolve, desde 2017, o Projeto de Pesquisa denominado “Educação na Cidade e Humanidades”. No capítulo V, abordaremos essas pesquisas de iniciação científicas vinculadas ao Gepech que são distribuídas em três eixos temáticos: 1) levantamento de pesquisas sobre a temática da cidade; 2) transcrição de entrevistas realizadas com pesquisadores que dialogam com as bases teóricas do grupo; 3) elaboração e atualização de canais de divulgação das produções do Gepech. Apresentaremos as bases teóricas que sustentam essas pesquisas e suas contribuições para o desenvolvimento do grupo.

Para finalizar essa segunda publicação do Gepech[3], optamos por destacar um dos seus eixos norteadores fundamentais: os estudos teóricos. Abordaremos nesse capítulo a temática que direciona as pesquisas e ações dos alunos e pesquisadores do grupo: a cidade e suas contradições históricas e sociais. Visando o aprofundamento teórico sobre essa problemática, apresentaremos os apontamentos feitos a partir do estudo da obra L’Habitat pavillonnaire, pesquisa realizada no Centre de Recherches D’Urbanisme (CRU) de Paris. O estudo busca entender a preferência dos franceses pelo pavillon, um tipo de casa encontrada em conjuntos habitacionais na periferia das grandes cidades francesas que se caracteriza pela padronização estética e pela presença de um jardim. Apresentaremos nesses apontamentos questões históricas, políticas, legislativas e ideológicas relacionadas a esse modelo de moradia que se constitui como elemento importante na identidade cultural francesa e nos ajuda a refletir sobre o espaço urbano em nosso contexto.

Notas de rodapé

[1] HARVEY, D., Maricato, E., ŽiŽek, S., Davis, M. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo/Carta Maior, 2013.

[2] A publicaçao desse livro contou com recursos oriundos do edital de apoio financeiro a pesquisa, número 03/2019, do Ifes, Campus Vitória.

[3] O primeiro livro do Gepech “Educação na Cidade: conceitos, reflexões e diálogos” pode ser acessado na íntegra em: https://gepech.files.wordpress.com/2019/ 03/final_livro_2019_educac3a7c3a3o-na-cidade.pdf

Ano de lançamento

2021

ISBN

978-65-5869-274-4

ISBN [e-book]

978-65-5869-275-1

Número de páginas

221

Organização

Dilza Côco, Priscila de Souza Chisté, Sandra Soares Della Fonte

Formato