Leituras marxistas: educação e atualidade

Arlindo Lins Melo Junior, Luiz Bezerra Neto, Patric Oberdan dos Santos

Leituras Marxistas sobre Educação: textos produzidos durante a Pandemia de COVID 19

Patric Oberdan dos Santos
Luiz Bezerra Neto

De acordo com Perlman (2020) no final de 2019, houve o avanço da variação de um vírus que provocou a emersão de uma doença, até então, desconhecida pelo mundo, cujo nome é Corona Vírus (Covid-19); se trata de um vírus gripal com alto poder de propagação e contaminação. O primeiro surto da doença aconteceu em Wuhan, na China, durante o mês de novembro de 2019. Devido ao elevado poder de contaminação e o desconhecimento dos seus efeitos, logo se transformou em uma pandemia em nível mundial, a pior da década no século XXI, registrando até o início de marco de 2022 quase 6 milhões de mortes no mundo, sendo mais de 650 mil somente no Brasil.

Ainda segundo Perlman (2020), após o primeiro epicentro da pandemia na China, alguns países da Europa enfrentaram essa realidade, atingindo quase 10 mil óbitos por dia. Ainda que houvesse muitas evidências da gravidade da situação, o Governo Federal do Brasil se mostrou relutante em reconhecer a situação. Houve durante a pandemia, troca de ministros da saúde por quatro vezes. O primeiro Ministro a deixar o cargo foi o Médico Ortopedista Luiz Henrique Mandetta, que trabalhou de 1º de janeiro de 2019 até 16 de abril de 2020. Após a saída de Mandetta, assumiu o Médico Oncologista Nelson Luiz Sperle Teich, que ficou de 16 de abril de 2020 até 15 de maio de 2020. Ambos, por não compactuarem com a propagação de falsas afirmações a respeito de uma cura com medicamentos sem comprovação científica, preferiram deixar o cargo, o que resultou em deixar o país sem um ministro da saúde, por algum tempo, até que o cargo fosse ocupado pelo militar da ativa, General Eduardo Pazzuelo, que não tem formação na área da saúde, sua formação é de General de Divisão do Exército Brasileiro, o qual assumiu inteiramente o ministério da saúde após a saída de Nelson Teich desde o dia 15 de maio de 2020, ficando no cargo até o dia 15 de março de 2021, sendo substituído pelo médico cardiologista Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes neste mesmo dia e segue como Ministro da Saúde até o momento (março de 2022).

Durante esse embate entre a ciência e o negacionismo por parte do representante maior que ocupa o Palácio do Planalto, muitos governadores resolveram adotar algumas formas de isolamento social em seus respectivos estados, como é o exemplo dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal, decretando que todo serviço não essencial deveria ser suspensos. Isso causou uma onda de opiniões divergentes entre os trabalhadores, e muitos autônomos questionaram como produziriam sua existência durante esse período. Ainda que não percebera, viviam em um sistema precário de trabalho, onde trabalhavam apenas para se manter e não havia uma reserva para si caso algo semelhante acontecesse e também não possuíam garantias de direitos sociais, como seguro-desemprego, férias, etc.

Devido a reivindicações dos trabalhadores precarizados e autônomos, comerciantes aderiram ao movimento de defesa pela reabertura do comércio em cidades como São Paulo. Ao fazer isso, ficaram na linha de frente correndo riscos e defendendo o grande capital, que estimulava a ida dos trabalhadores para a rua e levar adiante essas reivindicações. Tendo consciência de que negar a ciência é uma solicitação grave, principalmente em tempos de pandemia, a estratégia do governo foi deixar que a classe trabalhadora assumisse os interesses dos capitalistas, defendendo um patrimônio que não é dela, e assim, pouparia a imagem da burguesia que já é bastante negativa.

Dentro de uma situação caótica, a população se dividiu entre informações desalinhadas que alternavam entre a concordância com a gravidade da situação e acatando as medidas de isolamento e o negacionismo de tudo isso, que ignorou dados, fatos e estudos. Segundo o biólogo Atila Iamarino, em entrevista concedida a TV Cultura em maio de 2020, ao adotar o isolamento social conseguimos retardar a curva de contágio, e com isso, conter o colapso do sistema de saúde que segundo ele estava previsto apara acontecer ainda no mês de abril e consequentemente o número de mortes provocadas pelo vírus.

De acordo com informações do Diário Oficial de São Paulo, o período de isolamento foi previsto para ocorrer inicialmente entre 24 de março até 04 de abril de 2020. Havia a expectativa de que durante esse período o índice de contágio da doença diminuísse, de modo a não colocar o sistema de saúde em colapso. Porém, o período de isolamento foi prorrogado por mais 14 dias, e assim sucessivamente por mais de 5 meses em estado de quarentena. Países como Alemanha, Japão e Argentina adotaram diferentes medidas e trataram a saúde e a educação como essenciais, conseguiram diminuir a mortalidade da doença, já o Brasil seguiu sem ter uma perspectiva concreta de retorno.

Neste contexto de grande embate entre ciência e negacionismo, tivemos no segundo semestre de 2020 as aulas de Leituras Marxistas sobre Educação e Trabalho e Educação na Universidade Federal de São Carlos, a partir destas aulas resultaram os textos que compõem este livro, além de textos vindos destas disciplinas, há dois autores que vieram de outras universidades, Rodrigo Simão Camacho da Universidade Federal da Grande Dourados e Marco Antônio Oliveira Lima do Instituto Federal de Goiás. O livro conta com dez textos que serão apresentados a seguir em ordem alfabética de autores.

Ano de lançamento

2022

Número de páginas

192

ISBN

978-65-5869-793-0

ISBN [e-book]

978-65-5869-794-7

Organização

Arlindo Lins Melo Junior, Luiz Bezerra Neto, Patric Oberdan dos Santos

Formato