Leituras sobre a sexualidade em filmes: animações e músicas. Vol. 11 Especial. Coleção Sexualidade & Mídias
Organização: Ana Cláudia Bortolozzi, Leilane Raquel Spadotto de Carvalho
APRESENTAÇÃO
Ana Cláudia Bortolozzi
Leilane Raquel Spadotto de Carvalho
Este é um volume especial da Coleção Sexualidade & Mídias porque se caracteriza pela leitura de sexualidade em filmes – tipo animações – e em músicas! São oito capítulos que apresentam animações para adultos, crianças e também clipes/letras de músicas.
O Capítulo 1 Symbiosis: considerações acerca da sexualidade e da realização do desejo através da atuação, em uma perspectiva psicanalítica, de Fábio Ramos Teixeira e Victória Nuri Habedank Vallespin discutem, tendo como base a psicanálise freudiana, a vivência da sexualidade e as formas de obtenção de prazer da personagem principal diante da infidelidade do marido, a partir de uma espécie de “simbiose” com as amantes e suas relações com o marido. A análise dos autores provoca e instiga uma reflexão atual sobre os relacionamentos e as experiências psíquicas, naquilo que apontam como um “mal-estar inscrito nos registros do corpo, da ação e do sentimento, e evidenciado não só pelas compulsões, mas também pelo empobrecimento dos registros da linguagem e do pensamento” (p. 30).
Levanta Mina: discussões sobre padrões sociais e empoderamento feminino em um clipe de Mc Carol feat Dj Thai é o Capítulo 2, de autoria de Karina Orzari do Nascimento e Camila Orpinelli. As autoras problematizam os padrões sobre estética, branquitute e relacionamentos. Analisam o clipe nos temas da sexualidade e da emancipação feminina e apontam para a importância da mídia para as representações simbólicas de libertação sexual e de padrões excludentes.
Além disso, também ressaltam o apoio necessário à diversidade e a pluralidade de ser mulher, o que entendemos ser algo tão necessário para uma sociedade justa de equidade de condições e de direitos.
O Capítulo 3, Steven Universe: uma quebra de estereótipos de gênero e de relacionamentos, de Alice Rocha Gonçalves e Bianca Longhitano, apresenta de maneira otimista uma série que pode contribuir na luta por uma sociedade mais inclusiva e que desconstrua normas de gênero e sexualidade rígidas. Dizem as autoras que “a representatividade presente na série é de extrema importância para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, que podem se enxergar em todos/as personagens tão diversos apresentados, protagonistas ou não que são relevantes no decorrer da narrativa” (p.64).
As autoras Andrea Tiemi Watari e Arissa Shioya, no Capítulo 4, Fairy Tail: a magia que não chega para as mulheres amarelas, argumentam que as representações na mídia predominam a imagem de mulheres eurocentradas e àquelas vinculadas a uma cultura japonesa e coreana são associadas a um corpo infantilizado ou erotizado, que acabam por serem fetichizadas. As autoras evidenciam os diversos estereótipos vinculados às mulheres amarelas a partir das personagens escolhidas para análise na série Fairy Tail que são consideradas “socialmente como femininas, trazem boa parte das representações problemáticas das mulheres em animes, que consequentemente, resvala mais intensamente em mulheres amarelas do leste-asiático ou descendentes” (p. 72).
No Capítulo 5, SHE-RA: a valorização da diversidade e igualdade de gênero na mídia audiovisual contemporânea, os autores George Miguel Thisoteine, Brenda Sayuri Tanaka, Ana Cláudia Bortolozzi e Andre Luis Gellis abordam a figura de uma protagonista feminina, evidenciando as conquistas de direitos com as quais se identificam hoje as mulheres em suas várias formas de identidade feminina. Na versão atual de She-ha, questões importantes são desconstruídas, como questões geracionais, padrões estéticos e orientação sexual não normativa, indicando ser um bom recurso midiático educativo contra a discriminação, uma vez que, segundo os autores, respeita a diversidade em “vários sentidos: seja pela pluralidade feminina das personagens, ou ainda pela busca por representar mais igualdade de gênero, etnias e orientações sexuais” (p. 103).
Leticia Carolina Boffi e Manoel Antônio dos Santos analisam a música “Mulher” problematizando as identidades de gênero subalternizadas e estigmatizadas no Capítulo 6 “Corpos travestis: (re)existências em territórios confinados e regulação do trabalho sexual na composição Mulher, de Linn da Quebrada”. Segundo os autores, “a análise da letra da música Mulher permite desvendar aspectos que compõem a realidade do (re)existir das identidades travestis. Linn da Quebrada, por meio de uma arte autoetnográfica, expõe a (não) ocupação dos corpos travestis em um território que desagrega corpos e identidades não cisnormativas, para melhor discipliná-los e explorá-los” (p. 123).
No Capítulo 7, Valente: apontamentos acerca do empoderamento feminino na perspectiva contemporânea dos filmes de princesa, de Luana Maria Vieira Dagina e Marcela Jacob Navarro, aborda-se na análise da animação o tema da feminilidade que se impõe às personagens de princesas, ponderando na personagem principal e na narrativa as questões da “mulher, o confronto da adolescência, empoderamento feminino, o papel familiar na construção da personalidade e a desconstrução de ideais e expectativas impostos no feminino” (p. 136).
No Capítulo 8, Configuração da subjetividade em Sailor Moon Crystal, de Carolina de Souza e Manoel Antônio dos Santos, a autora e o autor abordam as expressões de identidades de gênero e orientações sexuais e suas relações nas configurações familiares atuais por meio da análise de personagens no anime que “permitem problematizar existências que questionam fronteiras de gênero e sexualidade preestabelecidas, indo além do convencional binarismo feminino versus masculino e homossexualidade versus heterossexualidade” (p. 141). O capítulo analisa uma animação japonesa bastante conhecida no Brasil e que pode ser um meio importante para representar a diversidade sexual e questionar os padrões impostos e o binarismo sexual.
Finalmente, no Capítulo 9, de Rodolfo Ribeiro Dib e Sabrina Henrique Bettiol, denominado Gênero e exclusão em Padrinhos de Tóquio: análise da personagem Hana, os autores discutem questões de gênero e reconhecimento a partir da análise da personagem Hana, uma mulher trans moradora de rua que, junto de seus companheiros de jornada, encontra um bebê sozinho nas ruas de Tóquio na noite de natal.
Este Volume 11 Especial atende aos pedidos de todos/as para que um dos livros da nossa Coleção Sexualidade & Mídia reunisse análise de animações e músicas em um só volume. Aqui está! Apreciem a leitura…
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN | 978-65-5869-426-7 |
ISBN [e-book] | 978-65-5869-427-4 |
Número de páginas | 183 |
Organização | Ana Cláudia Bortolozzi, Leilane Raquel Spadotto de Carvalho |
Formato |