Leituras sobre a sexualidade em filmes

Ana Cláudia Bortolozzi Maia, Leilane Raquel Spadotto de Carvalho

APRESENTAÇÃO

Ana Cláudia Bortolozzi Maia
Leilane Raquel Spadotto de Carvalh

Os meios de comunicação são diversos e cada vez mais acessíveis, especialmente com o inegável avanço das tecnologias. Às revistas, ao rádio, ao cinema e à televisão, somamos os meios da era digital. Dificilmente um (a) jovem, independentemente da classe social, etnia, cultura, gênero, etc. ignora a existência desses meios; alguns com mais ou menos acesso a eles ou o conhecimento sobre a sua utilização.

No campo educacional, cada vez mais professores e professoras estão se rendendo ao uso massivo das novas tecnologias, tanto na utilização deles como recursos didáticos em sala de aula, quanto na discussão sobre o acesso a eles, por parte dos alunos (as).

Tudo que se fala na sala de aula pode ser confrontado, discordado, concordado, justificado, aprofundado, ampliado e/ou ilustrado em diferentes sites, documentários, entrevistas, Blogs, museus virtuais, imagens, depoimentos, etc. Ou seja, a formação inicial de diferentes profissionais, em vários campos das ciências, lida cotidianamente com os media que podem auxiliar nos procedimentos favoráveis ao ensino e a aprendizagem.

A educação sexual no desenvolvimento da sexualidade humana é um saber científico importante em várias graduações, porque se trata de um fenômeno inerente ao ser humano, apesar de ainda serem escassas as disciplinas curriculares obrigatórias ou optativas que garantam a formação teórica e prática relacionada aos processos de educação sexual que tangenciam quaisquer vínculos sociais.

O curso de formação em Psicologia da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” conta com uma disciplina teórica chamada Desenvolvimento e Educação Sexual. Tal disciplina encontra-se no projeto político pedagógico curricular do Curso de Psicologia, na ênfase da Educação, pois trata da sexualidade nas etapas do desenvolvimento humano: infância, juventude, idade adulta e idosa e dos processos educativos e preventivos que o (a) psicólogo (a) pode participar diretamente e/ou junto às equipes interdisciplinares. A finalidade é proporcionar aos (as) alunos (as) condições para reflexões teóricas e práticas sobre a sexualidade humana, instrumentalizando-os (as) como agentes de educação sexual com ética e responsabilidade.

Os objetivos da disciplina “Desenvolvimento e Educação Sexual” são é que os (as) alunos (as) possam ampliar a noção de sexualidade e de educação sexual, compreender o processo de repressão sexual a partir de uma leitura foucaultiana, problematizar questões sobre gênero e diversidade sexual e aprofundar os conhecimentos teóricos sobre a sexualidade no desenvolvimento humano.

Durante as aulas é comum o relato de alunos (as) sobre diversos documentários, séries e seriados, filmes, etc. que são parte de seu cotidiano, dos temas abordados e, em grande medida, esses exemplos possibilitam discussões proveitosas e educativas. Além disso, na elaboração de programas de educação sexual, esses meios tornam-se também recursos importantes a serem considerados. Diante dessa situação, elaboramos uma proposta de avaliação processual para os (as) alunos (as) do curso de Psicologia que participavam da nossa disciplina que fosse ao encontro desse emergente interesse. Assim, sozinhos, em duplas e/ou trios, os (as) alunos (as) se organizaram na tarefa de escolherem uma temática de interesse e um vídeo que tratasse de tal temática e, a partir da consulta da literatura e da formação recebida no curso, realizassem uma análise crítica desse material.

Essas análises foram apresentadas em sala de aula, coletivamente, e enriqueceram a todos nós. Os melhores textos, reunidos neste livro, em forma de capítulos, dão a visibilidade que eles merecem. Filmes, séries e seriados, antigos ou recentes, ilustraram em grande medida os estudos realizados por nós e a possibilidade desses recursos serem “educativos”. Os assuntos escolhidos reúnem temáticas sobre gênero, conjugalidade, padrões de estética, adolescência e deficiência.

Três capítulos irão abarcar a temática da homossexualidade sob diferentes enfoques para reflexões, sendo eles: o Capítulo 1: Moonlight, de autoria de Caê Oliveira Rodrigues e Giddeão Gasparini Silvério que trata a temática durante as fases do desenvolvimento e discute também sobre a masculinidade, o Capítulo 6, Pose, de autoria de Bruno Augusto da Silva Faria foca a discussão no personagem Damon, refletindo o processo de educação envolvendo um jovem gay e negro e o Capítulo 10 Hoje quero voltar Sozinho, de autoria de Bruna Ballen, Érica de Souza Soardo e Maithê Cristhine Prampero discute a homossexualidade na adolescência com um enfoque na inclusão, a partir de um jovem gay e com deficiência visual.   Outros capítulos irão tratar sobre a transexualidade, sendo eles: o Capítulo 2, Transamérica, de autoria de Bruno de Lima Dias e Rafael Daltro Graciani, discute sobre a temática na fase adulta de uma mulher, além de falar sobre os estereótipos de gênero, o Capítulo 5, Girl, de autoria de Luísa Brambilla Caldeira, na fase da adolescência e a dificuldade disso nas relações escolares e familiares e o Capítulo 9, XXY, de autoria de Danilo Silva Nakashima apresenta reflexões sobre o fenômeno da intersexualidade e os conflitos identitários de gênero.   Dois capítulos enfatizam as questões sociais diante da sexualidade na infância e adolescência: o Capítulo Law And Order, de autoria de Amira Rabah, Julia Pacheco Fanton e Matheus Marques Pereira trata de situações de violência sexual contra crianças e suas implicações e Capítulo 8, Big Mouth, de autoria de Brenda Sayuri Tanaka ilustra as vivências da sexualidade na puberdade e na adolescência.   Finalmente, outros capítulos exemplificam as faces da repressão sexual vigente, diante de padrões definidores de normalidade, ressaltando os efeitos psicossociais das diferenças que se tornam estigmas, como o Capítulo 4, My Mad Fat Diary, de autoria de Bianca Longhitano, Márcia Gabriela Ribeiro Leite e Nathalia Macedo Gravalos discute a sexualidade da pessoa gorda. O Capítulo 7, Apenas Duas Noites, de autoria de Camila Alves Miranda e Aline Silvério Salinas trata sobre padrões de relacionamentos heteronormativos e o Capítulo 11, Cinquenta Tons de Cinza, de autoria de Júlia Borges Nakamura, Laís Kinosita Jacobucci e Raphael Bogatzky Costa apresenta uma discussão sobre os relacionamentos abusivos.   Esperamos que a leitura deste livro desperte em educadores (as), curiosos (as) em sexualidade e apreciadores (as) de filmes e séries: a importância de identificar a sexualidade visível nos meios de comunicação, o interesse pelo conhecimento oriundo da literatura consultada em diferentes temas e, ainda, o prazer de compartilhar conosco as reflexões oriundas das análises.

Ano de lançamento

2019

ISBN

978-85-7993-690-6

ISBN [e-book]

978-85-7993-702-6

Número de páginas

179

Organização

Ana Cláudia Bortolozzi Maia, Leilane Raquel Spadotto de Carvalho

Formato