As autolesões nas adolescências não são um fenômeno isolado, mas um reflexo de experiências de opressão, exclusão e desamparo. A partir das narrativas de adolescentes, este livro explora como a dor e o sofrimento são atravessados por normas de gênero, relações étnico-raciais, classe e sexualidades, influenciando tanto a expressão das autolesões quanto as possibilidades de acolhimento.
No ambiente escolar, onde hierarquias e normas moldam corpos e subjetividades, as estudantes mais vulneráveis socialmente são as mais expostas ao desamparo e à falta de suporte. A ausência de estratégias eficazes de intervenção e prevenção perpetua um cenário de tensões, no qual tanto estudantes quanto professoras e pedagogas enfrentam desafios diante das autolesões.
Escutar as autolesões nas adolescências exige um compromisso com uma abordagem interseccional, que reconheça as violências normativas presentes nas instituições e a urgência de construir estratégias de cuidado nas escolas capazes de romper com lógicas excludentes.
