Reflexo brasileiro em olhos mexicanos. O Brasil em Monterrey, Correo Literario de Alfonso Reyes

Cecilia Laura Alonso

INTRODUÇÃO

O trabalho contido nestas páginas é fruto da dissertação homônima que apresentei ao Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal Fluminense – UFF, em 2006. Seu objetivo é fazer uma reflexão acerca da presença brasileira em MONTERREY, correo literario de Alfonso Reyes, pois, além de ter sido publicado no Rio de Janeiro, contém obras de pintores brasileiros, retrata aspectos da literatura e da cultura do país e aproxima intelectuais da América Hispânica e do Brasil.

Este tema surgiu a partir do projeto integrado no grupo de pesquisa da Profa. Dra. Livia Maria de Freitas Reis (UFF), intitulado O diálogo intelectual Brasil – América Hispânica no século XX, no qual se estabeleceu o contato com a obra de Alfonso Reyes. Para realizar este estudo fez-se necessária a leitura de um livro em particular – Alfonso Reyes e o Brasil: um mexicano entre os cariocas – de Fred P. Ellison, professor de língua portuguesa, de literatura brasileira, hispano-americana e espanhola nos Estados Unidos. Tal obra publicada pela Top Books e o Consulado Geral do México, em 2002, possui em sua orelha um texto entusiasmado de Affonso Romano de Sant’Anna, veiculado anteriormente em O Globo de 26 de maio de 2001. Nesse texto, Affonso Romano destaca a importância de conhecer e rever nomes relacionados à cultura brasileira e, de acordo com essa constatação, faz uma queixa:

Aqui no Brasil anda prosperando uma coisa que não sei se chamo de ‘necrofilia de minha turma’ ou de ‘arqueologia do amanhã’. Um endeusamento de discutíveis nomes que estão com o cadáver ainda fresco. Acho que já tem gente fazendo a ‘arqueologia do amanhã’. Com isso, esquece-se de praticar uma arqueologia do ontem (o ontem que já se mostrou necessário), de estudar autores e assuntos realmente relevantes. (SANT’ANNA, apud ELLISON, 2002, orelha)

Seria Alfonso Reyes, ilustre pensador e humanista mexicano, um assunto realmente relevante à cultura brasileira? A resposta é um sonoro e enfático “sim”.

Alfonso Reyes nasceu em Monterrey, capital do estado de Nuevo León, México, em 1889. Em 1913, obteve o título de advogado e foi o professorfundador da cátedra de História da Língua e da Literatura Espanhola da Escola Nacional de Altos Estudos, origem da futura Faculdade de Filosofia e Letras.

Nessa mesma época, Reyes conheceu Pedro Henríquez Ureña, Antonio Caso e José Vasconcelos e, junto com outros, formaram o Ateneu da Juventude, um grupo de intelectuais interessados em traçar as linhas do México moderno compartilhando a admiração pela Grécia.

Logo em seguida, foi enviado à França como membro ad honorem da Secretaria de Instrução Pública de México. Em 1914, na Espanha, dedicou-se ao jornalismo, aos trabalhos literários e, por cinco anos, aos trabalhos da seção de Filologia do Centro de Estudos Históricos de Madri, acompanhado por Tomás Navarro Tomás e dirigido por Ramón Menéndez Pidal. Aproximou-se dos autores da Geração de 98, como Juan Ramón Jiménez e José Ortega y Gasset.

Após muitas atividades desenvolvidas, retorna ao México, mas é enviado novamente pelo seu governo à França e à Espanha para desempenhar diversas atividades consulares.

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Ano de lançamento

2021

ISBN [e-book]

978-65-5869-499-1

Número de páginas

128

Formato

Autoria

Cecilia Laura Alonso