Urbanidades em movimento: etnografias do cotidiano em diferentes escalas

Organização: Guilherme R. Passamani, Asher Brum

O foco no cotidiano urbano permite que a Antropologia Urbana capture micropráticas que constituem a vida urbana, como o modo como as pessoas se movem pela cidade, as formas de sociabilidade nas ruas, a negociação de fronteiras simbólicas e as maneiras como os espaços públicos e privados são usados. Essas micropráticas são fundamentais para entender como o urbano é vivido e como o espaço é constantemente negociado pelos cidadãos.

Ao deslocar o foco dos grandes centros urbanos, especialmente no Brasil, o campo da Antropologia Urbana se abre para novos desafios teóricos e metodológicos. Cidades menores e regiões não hegemônicas podem apresentar dinâmicas distintas de produção e uso do espaço urbano. A interação entre áreas urbanas e rurais em cidades tidas como pequenas e médias, por exemplo, pode revelar formas outras de sociabilidade e economia que desafiam as categorias mais usuais da área. Estudos focados apenas nas grandes metrópoles podem naturalizar certos fenômenos urbanos como universais, quando na verdade são específicos de determinados contextos ou regiões particulares. Quando a Antropologia Urbana passa a ocupar-se, também, de cidades fora do eixo, torna-se possível problematizar alguns supostos e ampliar a compreensão do que constitui o dito fenômeno urbano.

A coletânea Urbanidades em Movimento: etnografias do cotidiano em diferentes escalas de cidades propõe uma reflexão interdisciplinar e plural sobre os processos urbanos, explorando diferentes escalas de cidades. Ao integrar etnografias que abordam contextos urbanos do Brasil, México (Puebla) e Portugal (Lisboa), essa obra destaca a importância de compreender as dinâmicas locais de diferentes formas de urbanidade, conectando essas experiências a uma visão mais ampla das transformações sociais, culturais e econômicas contemporâneas.

Ao aludirmos a urbanidades em movimento quisemos marcar que as cidades estão em constante transformação, não apenas fisicamente, mas também no que tange às relações sociais, culturais, econômicas e políticas. As práticas cotidianas, as formas de habitar, circular e interagir com os espaços urbanos refletem um movimento contínuo de adaptação, resistência e transformação. Assim, a cidade não é um espaço estático, mas um lugar de encontro, de trocas e de negociações entre seus habitantes e suas estruturas. O movimento, neste sentido, não se refere apenas às mudanças materiais, mas ao fluxo de ideias, identidades e corpos que atravessam esses territórios.

 

Guilherme R. Passamani, Asher Brum

Campo Grande, dezembro de 2024

Ano de lançamento

2024

Formato

ISBN

978-65-265-1605-8

ISBN [e-book]

978-65-265-1606-5

Número de páginas

254