Aristóteles, neste livro, tece suas memórias, vivências e reflexões em um processo de “reencontrar-se”. Ao falar de si e das relações estabelecidas nos encontros teóricos e com os diferentes sujeitos que atravessam sua vida, como em uma música ouvida pelo motorista de ônibus, um sonho de uma amiga e uma conversa com sua aluna, o autor nos apresenta outras práticas e outros olhares sobre a educação e a docência, alicerçados em uma estética freireana. Somos convidados a conhecer essa colcha de retalhos produzida pelo vivido, como uma tessitura partilhada generosamente com o leitor. Nessa colcha, encontramos uma “arqueologia” de suas experiências, passeamos por seus anos como aluno e professor, assistimos ao descortinamento das suas dúvidas e descobertas, e conhecemos esse, que questiona a pedagogia e a si, em uma tentativa de produção da estética e da ética freireanas, nos inquietando à reflexão. Seus caminhos, suas escolhas e suas renúncias o trouxeram aqui, para apresentar suas memórias, que fizeram parte do processo avaliativo para o cargo de professor titular da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Segundo o autor, esse processo não encerraria sua trajetória: seria mais um retalho a ser tecido.
Fabiana Rodrigues (ProfHistória/UFRRJ)
